Entraram em vigor à 0h desta quinta-feira (7) as novas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos provenientes de mais de 90 países. Com as alíquotas, o imposto médio efetivo cobrado pelo país supera 18%, patamar não registrado desde 1934.
Escalonamento das alíquotas
As taxas começam em 15% para Bolívia, Equador, Islândia e Nigéria; sobem a 20% para Taiwan; e alcançam 50% para Argentina e Brasil. No caso brasileiro, a cobrança passou a valer na quarta-feira (6), um dia antes dos demais parceiros.
Trump justificou os percentuais mais altos sobre Brasil e Argentina como retaliação. No caso brasileiro, citou o processo movido contra Jair Bolsonaro — ex-aliado do republicano — por tentar permanecer no poder após derrota eleitoral.
Receita e impactos internos
Segundo dados oficiais, as tarifas já geraram cerca de US$ 152 bilhões em arrecadação aduaneira até julho. Porém, empresas relatam dificuldade para absorver o custo de componentes importados, e indicadores mostram avanço de preços em eletrodomésticos, roupas e itens de decoração em junho.
O chefe de pesquisa econômica da Fitch Ratings nos EUA, Olu Sonola, afirmou que os efeitos das tarifas anunciadas na primavera boreal “já aparecem” e tendem a se intensificar nos próximos meses. O mercado de trabalho refletiu o cenário com desaceleração nas contratações em julho.
Países e setores na mira
Na quarta-feira (6), Trump informou que elevará as tarifas sobre a Índia para 50% até o fim de agosto, em resposta à compra de petróleo russo por Nova Délhi. O presidente sinalizou que outras nações podem ser punidas para pressionar a Rússia a encerrar a guerra contra a Ucrânia.
O Canadá passou a pagar 35% sobre itens não cobertos pelo Acordo EUA-México-Canadá (USMCA). Medida similar ao México foi suspensa enquanto prosseguem as negociações. Para a China, permanece a tarifa de 30%, mas a trégua combinada vence na próxima terça-feira.
Mercadorias embarcadas antes desta quinta não estão sujeitas às novas alíquotas se desembarcarem nos EUA até o início de outubro, permitindo que importadores reforcem estoques.

Imagem: infomoney.com.br
Possíveis medidas futuras
Trump mencionou planos de tarifar remédios, chips e outros produtos estrangeiros. Sobre semicondutores, falou em alíquota de 100%, mas admitiu flexibilizar a cobrança para empresas que produzirem dispositivos avançados em território americano. O anúncio foi feito ao lado do CEO da Apple, Tim Cook, que prometeu investir mais US$ 100 bilhões nos EUA.
Estimativas de custo para famílias e economia
Estudo do Budget Lab da Universidade Yale projeta gasto adicional médio de US$ 2.400 por família ao ano devido às novas tarifas e perda de meio ponto percentual no crescimento econômico a partir de 2025.
O economista-chefe da Moody’s Analytics, Mark Zandi, alertou para o risco de cenário parecido com estagflação — baixo crescimento com preços em alta. Já Matthew Martin, da Oxford Economics, disse que os estoques empresariais foram reduzidos desde abril e que o repasse ao consumidor deve se acelerar.
Apesar dos alertas, Trump minimizou o impacto, afirmou que “os custos estão muito baixos” e demitiu o responsável pelo relatório oficial de emprego após acusar, sem apresentar provas, manipulação de dados contra seu governo.
Com informações de InfoMoney