A Walt Disney Company projeta reforçar seu caixa em até US$ 2,3 bilhões nos primeiros dez anos de operação do Disneyland Abu Dhabi, previsto para abrir até 2030. A estimativa aparece em análise divulgada após o anúncio oficial do projeto, feito em 7 de maio pelo presidente-executivo Bob Iger na capital dos Emirados Árabes Unidos.
Modelo sem investimento direto
Ao contrário dos seis complexos atuais, a companhia não arcará com construção nem operação. O empreendimento será totalmente financiado, construído e administrado pelo grupo estatal Miral. A Disney receberá royalties pela marca e pelas atrações, esquema semelhante ao existente no Tokyo Disney Resort, operado pela japonesa Oriental Land Company.
Documentos de outras unidades internacionais indicam cobrança de 5% a 10% da receita bruta, dependendo da categoria (ingressos, alimentação, mercadorias). Relatórios de mercado apontam taxa efetiva média de 6,1% no Japão, o que gerou cerca de US$ 232,6 milhões anuais à Disney nos últimos 15 anos. Aplicado a Abu Dhabi, o número sustenta a projeção de até US$ 2,3 bilhões em uma década.
Efeito imediato nas ações
O anúncio fez as ações da Disney saltarem 10,8% no mesmo dia, acrescentando aproximadamente US$ 18 bilhões ao valor de mercado. O papel, que havia recuado para US$ 81,72 em abril — menor patamar em quase dez anos —, fechou recentemente a US$ 115,17.
Parques são motor do lucro
No último ano fiscal, a divisão Disney Experiences — parques e produtos de consumo — respondeu por pouco mais de um terço da receita total de US$ 91,4 bilhões, mas gerou quase 60% do lucro operacional de US$ 15,6 bilhões. No terceiro trimestre de 2025, o segmento contribuiu com 38,4% dos US$ 23,7 bilhões faturados e com a maior parte dos US$ 4,6 bilhões de lucro.
Mesmo assim, investidores vinham mostrando cautela diante do plano de investir US$ 60 bilhões na expansão dos parques existentes. A desaceleração de viagens nos Estados Unidos e a queda do índice de sentimento do consumidor para 61,8 em junho reforçaram o pessimismo.

Imagem: forbes.com
Perspectiva de público recorde
Segundo estimativa citada pela publicação The Wrap, o Disneyland Abu Dhabi pode receber 32 milhões de visitantes no primeiro ano — volume superior ao dos dois parques de Tóquio somados. A meta do governo local é transformar Abu Dhabi em destino líder mundial de entretenimento, reduzindo a dependência do petróleo.
Para Josh Gilbert, analista da eToro ouvido pela Forbes Middle East, a chegada da Disney “posiciona Abu Dhabi como polo global capaz de atrair marcas de classe mundial” e deve estimular novos investimentos em hotelaria e lazer na região. O executivo avalia ainda que a presença do parque pode impulsionar assinaturas do Disney+, vendas de produtos e a popularidade dos filmes da companhia no Oriente Médio e Norte da África.
Com a construção bancada pela Miral, todos os royalties do complexo irão diretamente ao resultado da Disney, o que tende a fortalecer, de forma consistente, o desempenho da divisão internacional de parques tão logo os portões sejam abertos.
Com informações de Forbes