Moscou, 6 ago. 2025 – O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitri Medvedev, voltou a utilizar a retórica nuclear ao responder a um ultimato de Washington e provocou reação imediata do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Prazo de 10 dias e ameaça de tarifas
Na semana passada, Trump concedeu a Moscou dez dias para negociar um cessar-fogo com a Ucrânia, advertindo que, caso o diálogo não avance, imporá tarifas secundárias que podem atingir parceiros comerciais da Rússia, como a Índia.
Referência ao sistema “Mão Morta”
Pelo Telegram, Medvedev ironizou o presidente norte-americano e citou o sistema de retaliação automática russo conhecido como “Mão Morta”. “Talvez ele devesse se lembrar de quão perigosa é a chamada ‘Mão Morta’”, escreveu o ex-chefe de Estado de 59 anos.
Resposta de Washington
No dia seguinte à publicação, Trump anunciou o posicionamento de dois submarinos nucleares “em regiões apropriadas”, afirmando que a medida visa prevenir qualquer escalada caso as declarações russas deixem de ser apenas retórica.
Troca de farpas recorrente
Em maio, Medvedev já havia alertado para o risco de uma Terceira Guerra Mundial depois que Trump acusou Vladimir Putin de “brincar com fogo”. Em abril, ao comentar o 15º aniversário do tratado Novo Start, do qual Moscou se retirou em 2023, o político russo culpou os Estados Unidos e aliados por levarem o mundo “à beira” de um conflito global.
Kremlin tenta se distanciar
Após o novo embate, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que opiniões radicais existem “em todos os governos” e reforçou que a política externa russa é definida exclusivamente por Putin. A declaração foi interpretada como tentativa de atenuar o impacto das ameaças lançadas por Medvedev.

Imagem: SPUTNIK via gazetadopovo.com.br
Retórica nuclear desde 2022
Desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, Medvedev tem repetidamente mencionado o arsenal nuclear russo, que a Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares (Ican) estima em 5.449 ogivas. Entre outros episódios, ele ameaçou usar armas atômicas para proteger regiões ucranianas anexadas em referendos contestados e insinuou que Moscou ainda não empregou todo o seu poder bélico no conflito.
Com a guerra prestes a completar três anos e meio, especialistas e veículos internacionais têm demonstrado ceticismo crescente diante dessas declarações, embora reconheçam o potencial de dano que o arsenal russo representa.
Com informações de Gazeta do Povo