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“Mão Morta”: o dispositivo russo que garante resposta nuclear mesmo sem comando humano

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O termo “Mão Morta” voltou ao noticiário mundial depois que Dmitri Medvedev, ex-vice-presidente da Rússia e hoje vice-presidente do Conselho de Segurança do país, mencionou o sistema em uma mensagem dirigida ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração foi publicada no Telegram na semana passada, após Trump reduzir para dez dias o prazo para que Moscou negocie um cessar-fogo com a Ucrânia, sob ameaça de tarifas secundárias.

Na resposta, Medvedev advertiu o líder norte-americano sobre “quão perigosa é a chamada Mão Morta”, lembrando que as sanções poderiam atingir economias como a da Índia e provocar consequências imprevisíveis. A ameaça reacendeu o interesse em torno do mecanismo russo de retaliação nuclear, pouco conhecido fora dos círculos militares.

O que é o Perímetro

No Ocidente, a Mão Morta é mais conhecida como Perímetro, um sistema de comando e controle criado pela União Soviética e colocado em operação em 1985. Segundo relatos compilados pelo ex-militar norte-americano Blake Stilwell, editor do portal Military.com, o dispositivo foi projetado para disparar automaticamente todo o arsenal de mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) caso detecte sinais de um ataque nuclear massivo contra o território russo.

De acordo com Stilwell, sensores espalhados pelo país registram comunicações em frequências militares, níveis de radiação, pressão atmosférica, calor e tremores sísmicos de curta duração. Se esses parâmetros apontarem para um bombardeio nuclear, o Perímetro inicia uma cadeia de comandos que inclui o lançamento de um “foguete de comando”. Esse míssil voaria sobre toda a Rússia emitindo ordens de disparo por rádio para silos e bases móveis, mesmo sob interferência eletrônica.

Confirmação oficial

A existência do sistema foi reconhecida publicamente em 2011 pelo general Sergei Karakaev, comandante das Forças de Mísseis Estratégicos da Rússia. Em entrevista ao jornal Komsomolskaya Pravda, ele afirmou que o Perímetro permanece em serviço de combate e que, se necessário, seria capaz de destruir os Estados Unidos em 30 minutos. “Quando não houver como transmitir um sinal aos lançadores, esse comando pode vir desses foguetes do Perímetro”, disse o militar.

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Imagem: MIKHAEL KLIMENTYEV via gazetadopovo.com.br

Herança da Guerra Fria

Criado no auge da rivalidade entre Moscou e Washington, o sistema integra a doutrina de destruição mútua assegurada, concebida para dissuadir ataques nucleares ao garantir a aniquilação de ambos os lados. Diante do maior arsenal atômico do planeta — 5.449 ogivas, segundo a Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares (Ican) —, o mecanismo também é apelidado no Ocidente de “Dispositivo do Juízo Final”.

Desde a menção de Medvedev, observadores internacionais voltaram a destacar que o Perímetro continua operando e continua a representar um fator crucial na estratégia nuclear russa.

Com informações de Gazeta do Povo

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