O comportamento da Geração Z diante de empresas de grande porte e de seguradoras está obrigando escritórios que defendem transportadoras a repensar estratégias no tribunal. A avaliação é do advogado Chris Dunnells, do Chartwell Law, que atua em casos de transporte comercial.
Dunnells cita a repercussão do suposto assassinato do CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, em dezembro de 2024, como exemplo do distanciamento geracional. Embora a violência tenha sido amplamente condenada, muitos jovens discutiram nas redes sociais o que consideram um sistema que favorece corporações e seguradoras em detrimento de pessoas comuns. Esse estado de espírito, afirma o advogado, tende a influenciar diretamente jurados da Geração Z chamados a julgar processos contra transportadoras.
Ceticismo corporativo e “tempestade perfeita”
Segundo Dunnells, esses jurados chegam ao tribunal convictos de que grandes companhias priorizam lucros e contam com seguradoras “de bolsos fundos” dispostas a dificultar indenizações. Esse cenário cria, nas palavras dele, uma “tempestade perfeita de ceticismo”, na qual o réu é visto como parte de um sistema considerado injusto. Em alguns casos, o advogado observa o que chama de “fenômeno de sobreposição moral”: jovens podem ignorar padrões tradicionais de responsabilidade civil e cálculos de danos para, em sua visão, corrigir falhas sistêmicas.
Comunicação no ritmo digital
Nascidos em meio a TikTok e YouTube, integrantes da Geração Z demandam apresentações dinâmicas, visuais e de curta duração. Para manter a atenção desse público, Dunnells recomenda:
- Aberturas instigantes: apresentar o caso como prévia que desperta curiosidade.
- Sinalização estratégica: antecipar o que cada testemunha mostrará, sem revelar conclusões imediatamente.
- Narrativas visuais: uso de animações e gráficos que ilustrem colisões e dados técnicos.
O advogado ressalta que o objetivo não é entreter, mas assegurar que argumentos técnicos sejam compreendidos. “Quando o júri se desliga mentalmente, até a melhor defesa se perde”, resume.

Imagem: forbes.com
Passos para evoluir a defesa
Dunnells sugere mudanças práticas, incluindo perguntas específicas na seleção de jurados sobre consumo de redes sociais e visão sobre responsabilidade corporativa; humanização da empresa ré; provas visuais extensas; apresentações segmentadas; e analogias acessíveis a diferentes faixas etárias.
Para ele, tais ajustes não descartam fundamentos jurídicos tradicionais, apenas atualizam o formato de apresentação. Ignorar essa evolução, conclui, pode resultar em “vereditos nucleares” com indenizações recordes que afetam todo o setor de transporte.
Com informações de Forbes