Home / Economia / Possível banimento do Brasil do Swift vira principal ameaça econômica dos EUA, dizem especialistas

Possível banimento do Brasil do Swift vira principal ameaça econômica dos EUA, dizem especialistas

Spread the love

A exclusão de bancos brasileiros da rede internacional Swift passou a ser apontada por analistas como a medida mais dura que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode adotar contra o Brasil. A avaliação ganhou força após a escalada de tensões diplomáticas e comerciais entre os dois países, intensificada nesta segunda-feira (4) pela decisão do ministro Alexandre de Moraes de colocar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em prisão domiciliar.

O Departamento de Assuntos do Hemisfério Ocidental, ligado ao Departamento de Estado norte-americano, reagiu à ordem de Moraes e prometeu responsabilizar “todos que colaborarem ou facilitarem condutas sancionadas”. Fontes ouvidas pelo mercado interpretam o recado como sinal de que Washington pode recorrer a punições mais severas — entre elas, retirar instituições brasileiras do Swift.

O que é o Swift

Criada em 1973, a Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais conecta hoje cerca de 11,5 mil instituições em mais de 200 países. A cada três dias, a rede movimenta valores equivalentes ao Produto Interno Bruto global de um ano. Sediada em La Hulpe, na Bélgica, a cooperativa é regida por leis da União Europeia.

Impacto seria “bomba atômica”

Para o advogado de direito internacional empresarial Marcelo Godke, bloquear o acesso do Brasil ao Swift provocaria choque imediato na economia: exportações, importações, viagens e investimentos ficariam paralisados, pois praticamente todas as remessas passam pelo sistema. O professor de comércio exterior Francisco Américo Cassano lembra que o sistema financeiro local movimenta entre US$ 3 bilhões e US$ 5 bilhões por dia; sem o Swift, esses fluxos seriam interrompidos e poderia haver fuga maciça de capitais.

Greer: tarifas de 50% foram passo “menor”

A primeira pista de que o Swift está no radar da Casa Branca veio domingo (3). Em entrevista à CBS, o representante comercial Jamieson Greer afirmou que as tarifas de 50% impostas ao Brasil são “um passo menor” perto de outras sanções usadas pelos EUA. Segundo ele, Trump poderia “cortar completamente” o país do sistema financeiro internacional.

Precedentes: Rússia e Irã

O banimento do Swift já foi aplicado à Rússia — oito bancos foram desconectados em 2022, após a invasão da Ucrânia — e ao Irã, em 2012 e novamente em 2018, por causa do programa nuclear iraniano. Embora a decisão precise do aval dos bancos centrais que comandam a cooperativa, especialistas afirmam que a influência norte-americana costuma ser decisiva.

Possível banimento do Brasil do Swift vira principal ameaça econômica dos EUA, dizem especialistas - Imagem do artigo original

Imagem: FREEK VAN DEN BERGH via gazetadopovo.com.br

Alternativas em desenvolvimento

Alguns países criaram sistemas próprios para reduzir a dependência do Swift. A China opera desde 2015 o Cross-Border Interbank Payment System (CIPS), que liquida transações em renminbi. Em junho, o Banco Master tornou-se a primeira instituição brasileira habilitada a usar a plataforma. A Rússia mantém o SPFS, utilizado após as sanções de 2022.

Motivos citados por Washington

Ao anunciar o tarifaço, Trump acusou o governo brasileiro de representar “ameaça incomum e extraordinária” à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA. O presidente norte-americano citou ainda a “guerra judicial” travada por Moraes contra opositores, a inclusão do ministro na Lei Magnitsky em 1.º de agosto e a recente revogação de vistos de outros magistrados do Supremo.

No campo geopolítico, Cassano observa que a neutralidade brasileira na guerra da Ucrânia, o estreitamento com a China e os debates sobre desdolarização — tema defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no domingo (4) — podem reforçar o argumento de Washington por medidas mais duras.

Com informações de Gazeta do Povo

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *