Deputados e senadores da oposição bloquearam, na tarde desta terça-feira (5), o reinício dos trabalhos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, primeiro dia de deliberações após o recesso parlamentar. O protesto tem como alvo a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em prisão domiciliar.
De acordo com os oposicionistas, nenhuma votação será permitida enquanto os presidentes das duas Casas, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), não incluírem na pauta o projeto de lei que concede anistia “ampla, geral e irrestrita” aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, além do pedido de impeachment de Moraes.
Ocupação das mesas diretoras
Os parlamentares contrários ao governo ocuparam as mesas diretoras da Câmara e do Senado. “Estamos ocupando as duas mesas diretoras e não sairemos até que se resolva esse problema de soberania nacional”, declarou o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Em entrevista coletiva, o mesmo parlamentar afirmou que, “se é guerra que o governo quer, guerra terá”.
No plenário do Senado, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse à GloboNews que a oposição permanecerá no local “se for preciso, até virar a noite”, enquanto os presidentes das Casas não atenderem às demandas. Segundo ele, Alcolumbre “sequer está atendendo o telefone”.
Clima de tensão com a base governista
Durante a paralisação, apoiadores do governo entoaram gritos de “sem anistia” e trocaram acusações com oposicionistas. Aliados do Planalto tentavam iniciar a sessão, mas foram impedidos pela obstrução física e regimental.
Pressão sobre Motta e Alcolumbre
Hugo Motta e Davi Alcolumbre resistem a pautar a anistia e o impeachment, alegando negociações em curso com o Executivo. A oposição, porém, intensificou a pressão após medidas impostas por Moraes a Bolsonaro — tornozeleira eletrônica e veto ao uso de redes sociais.

Imagem: Wesley Oliveira via gazetadopovo.com.br
O deputado Filipe Barros (PL-PR) informou que a obstrução será suspensa caso a proposta de anistia seja pautada. Já o 1.º vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), afirmou que levará o tema ao plenário “na primeira oportunidade em que o presidente da Casa estiver fora do país”. Para ele, a anistia é “a única pauta capaz de pacificar o país”.
Até o fechamento desta reportagem, Motta e Alcolumbre não haviam se manifestado sobre o protesto.
Com informações de Gazeta do Povo