São Paulo – O iFood anunciou que aplicará R$ 17 bilhões no mercado brasileiro entre abril de 2025 e março de 2026, montante 25% superior ao desembolsado no ano fiscal anterior. O plano foi detalhado durante o iFood Move 2025, realizado no São Paulo Expo, e marca o terceiro exercício seguido em que os aportes da empresa superam a barreira de R$ 10 bilhões.
De acordo com a companhia, os recursos serão direcionados para aumentar o volume e a frequência de pedidos, ampliar segmentos de atuação e fortalecer o ecossistema com ações de marketing, promoções, tecnologia, concessão de crédito a restaurantes parceiros e desenvolvimento de inteligência artificial.
Pressão de rivais asiáticas
O anúncio ocorre em meio à entrada de gigantes chinesas no setor de delivery. A Meituan, controladora da marca Keeta, já confirmou aportes de R$ 5,6 bilhões no Brasil, enquanto a 99Food, pertencente à DiDi Chuxing, prevê investir R$ 1 bilhão na criação de um superapp. A colombiana Rappi também se movimenta e pretende injetar R$ 1,4 bilhão no país nos próximos três anos, destinando 40% do valor a entregas de restaurantes.
Essas empresas disputam um mercado de 1,2 milhão de estabelecimentos, dos quais 71% já realizam entregas, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
Participação de mercado e impacto econômico
Com cerca de 80% de participação no delivery nacional, o iFood atende mais de 400 mil estabelecimentos, 55 milhões de clientes e opera em 1,5 mil cidades. Em 2025, a plataforma registra média superior a 120 milhões de pedidos mensais e gera renda para 400 mil entregadores.
Estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apresentado no evento aponta que as operações do iFood movimentaram R$ 140 bilhões em 2024, o equivalente a 0,64% do Produto Interno Bruto do Brasil — valor superior ao PIB estimado de dez estados e acima do valor de mercado de 98% das empresas do país.
Foco em tecnologia, crédito e geração de empregos
Parte relevante do novo aporte financiará o desenvolvimento de mais de 190 modelos proprietários de inteligência artificial. O iFood também prevê investir até R$ 500 milhões adicionais em startups, quantia fora do orçamento principal anunciado.

Imagem: Gerson Klaina via gazetadopovo.com.br
No apoio a restaurantes, a companhia ampliará a oferta de crédito com condições voltadas ao crescimento dos negócios na plataforma. Entre 2022 e 2024, os parceiros tiveram avanço real médio de 17,6% nas receitas, e, de 2023 a 2024, as vendas aumentaram 2,3 vezes mais que a média do setor, segundo dados da própria empresa.
Para sustentar a expansão, o iFood abriu 1,1 mil novas vagas — 500 já preenchidas — e projeta elevar o quadro para 8,6 mil colaboradores até o primeiro trimestre de 2026, com ênfase em profissionais de tecnologia. A Fipe calcula que, em 2024, a companhia gerou mais de 1 milhão de postos de trabalho diretos e indiretos, o equivalente a quase 1% da população ocupada do país.
Renda e benefícios a entregadores
Entre abril de 2025 e março de 2026, os entregadores devem receber, somados, R$ 5,2 bilhões — aumento de 27% ante o período anterior. Profissionais que rodam mais de 90 horas por mês podem alcançar renda bruta entre 1,8 e 4,1 vezes o salário mínimo. A empresa oferece ainda antecipação de repasses, seguros gratuitos, suporte jurídico e psicológico, além de programas de educação.
“Desde 2011, investimos no Brasil, acreditando no potencial do país e contribuindo para um ecossistema de inovação que beneficia milhões”, afirmou o CEO Diego Barreto durante o evento.
Com informações de Gazeta do Povo