Who — Matt Deitke, pesquisador de inteligência artificial de 24 anos e cofundador da startup Vercept.
What — Recebeu e aceitou proposta de remuneração de aproximadamente US$ 250 milhões, em quatro anos, para ingressar no programa de superinteligência artificial da Meta.
When — As negociações ocorreram ao longo do verão no hemisfério norte; a oferta final foi fechada recentemente.
Where — Vale do Silício (sede da Meta, em Menlo Park) e Seattle (onde fica a Vercept).
How — A Meta dobrou a oferta inicial de cerca de US$ 125 milhões após contato direto de Mark Zuckerberg. O pacote revisado prevê até US$ 100 milhões já no primeiro ano.
Why — A companhia busca acelerar pesquisas em “superinteligência”, disputando talentos com rivais como OpenAI, Google e Microsoft em meio a forte escassez de especialistas.
Oferta recorde
Segundo fontes próximas às tratativas, Zuckerberg primeiro telefonou para Deitke e, depois de uma reunião presencial, elevou o valor para cerca de US$ 250 milhões. O montante supera em US$ 35 milhões o contrato mais recente de quatro anos do astro da NBA Stephen Curry, citado como referência no mercado.
Mercado de IA sem teto salarial
Empresas como Meta, Google, OpenAI e Microsoft não enfrentam limites formais de remuneração, diferentemente das franquias esportivas. Jovens pesquisadores negociam pacotes de nove dígitos, muitas vezes assessorados por “agentes” informais, reproduzindo estratégias comuns a atletas profissionais.
Nas últimas semanas, contratações de especialistas em IA viraram manchetes em redes sociais. O canal de streaming TBPN, que cobre tecnologia e negócios, chegou a publicar artes gráficas no estilo de trocas da NBA. Num dos posts, destacava: “URGENTE: Microsoft recrutou mais de 20 funcionários da DeepMind nos últimos seis meses”.

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Escassez eleva valores
Desde o lançamento do ChatGPT, em 2022, a procura por engenheiros capazes de desenvolver modelos avançados se intensificou. Estima-se que apenas um número reduzido de profissionais domine sistemas que exigem imenso poder computacional. Para atraí-los, a Meta chegou a oferecer acesso exclusivo a até 30 mil GPUs, além de salários elevados.
No passado, cifras muito menores causavam espanto. Em 2012, três pesquisadores da Universidade de Toronto foram contratados pelo Google por US$ 44 milhões. Em 2014, a Microsoft comparava o custo de um especialista em deep learning ao de um quarterback novato da NFL, então na faixa de US$ 1 milhão anuais.
Reação dos concorrentes
A ascensão dos pacotes milionários levou a OpenAI a rever sua estrutura de remuneração, segundo funcionários. Em reunião interna, o diretor de pesquisa Mark Chen afirmou que a empresa “está contra-atacando”, embora não iguale as propostas da Meta.
Trajetória de Deitke
Ex-aluno de doutorado em ciência da computação da Universidade de Washington, Deitke trabalhava no Allen Institute for Artificial Intelligence, em Seattle. Ali liderou o projeto Molmo, chatbot que integra imagem, áudio e texto — tecnologia semelhante à que a Meta pretende desenvolver. Em novembro, ele fundou a Vercept, que já captou US$ 16,5 milhões de investidores como o ex-CEO do Google Eric Schmidt. A startup, com cerca de dez funcionários, cria agentes de IA capazes de utilizar softwares da internet de forma autônoma.
Após confirmar a mudança para a Meta, o CEO da Vercept declarou em rede social: “Estamos ansiosos para nos juntar ao Matt em sua ilha particular no próximo ano”.
Em pronunciamento na quarta-feira, Zuckerberg disse que a companhia continuará investindo “pesado” em talentos de IA, convencida de que a superinteligência “melhorará todos os aspectos” das operações da Meta e “iniciará uma nova era de empoderamento individual”. A empresa não comentou detalhes de contratações específicas, e Deitke não respondeu aos pedidos de declaração.
Com informações de Infomoney