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Chefe da ONU afirma que combustíveis fósseis estão no fim, mas números globais contestam

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Nova York (05.ago.2025) – O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, declarou em discurso na sede da ONU, em 22 de julho, que o mundo vive “uma nova era” energética e que os combustíveis fósseis “estão chegando ao fim da linha”. A fala marcou o lançamento do relatório Seizing the Moment of Opportunity: Supercharging the New Era of Renewables, Efficiency, and Electrification, que defende a predominância futura de fontes renováveis.

O que diz o relatório

Segundo Guterres, a transição já é um fato: energia sem carbono não seria mais promessa, eólica e solar estariam baratas a ponto de substituir petróleo, carvão e gás, além de oferecerem maior segurança energética por estarem livres de choques de preço ou embargos.

Participação atual das fontes de energia

Dados de 2024 mostram cenário diferente: 76,4% do consumo mundial veio de petróleo, carvão e gás natural. Se somadas as biomassas tradicionais, a participação de carbono chegou a 82,4%. Solar e eólica responderam por 6,1%; incluindo hidrelétricas, a fatia renovável subiu a 13%, e, com nuclear, para 18% – ainda pouco abaixo da parcela do gás natural (22%).

Crescimento, mas sem substituição ampla

Desde 2022, a demanda energética global cresce de forma acelerada. Renováveis avançam rapidamente, mas, até agora, atendem principalmente a novo consumo, não substituindo de modo significativo as fontes fósseis.

Questões de custo e operação

Embora painéis solares e turbinas eólicas tenham queda de preço, integrá-los ao sistema elétrico exige investimentos extras em redes e armazenamento. Baterias, cada vez mais baratas, garantem eletricidade por horas, não por semanas, fazendo com que usinas a gás sigam como respaldo em muitos países.

Panorama regional

Europa – Em 2024, a energia eólica forneceu mais eletricidade ao continente do que gás ou carvão, reduzidos em mais de 50% nas últimas duas décadas. Fontes não carbônicas (eólica, solar, hidrelétrica e nuclear) já representam mais de 60% da geração elétrica europeia.

Estados Unidos – A queda do carvão deve-se, sobretudo, à oferta abundante e barata de gás natural doméstico.

China – O carvão ainda supera todas as demais fontes somadas, mas energia sem carbono já responde por mais de 40% da eletricidade. Mesmo com a rápida expansão de solar, eólica, hidrelétrica e nuclear, 2024 registrou o maior número de novas termelétricas a carvão em dez anos, segundo o Global Energy Monitor.

Desafios adicionais

A integração de grandes parques solares e eólicos enfrenta limitações de rede e disputa de uso de terras, gerando cortes de produção. Além disso, a produção de equipamentos depende de minerais críticos, inserindo renováveis nas atuais tensões comerciais entre China, União Europeia e Estados Unidos.

Países emergentes como Índia, Indonésia, Vietnã e Turquia mantêm forte “cultura do carvão”, recorrendo aos próprios recursos para segurança energética.

Segurança versus clima

Após a invasão russa da Ucrânia, governos equilibram a necessidade de abastecimento imediato com metas climáticas, em meio a cadeias de suprimento fragmentadas e disputas comerciais. Especialistas apontam que, apesar dos avanços das renováveis, os combustíveis fósseis continuam centrais e não devem desaparecer tão cedo.

Com informações de Forbes

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