As manifestações realizadas neste domingo (3) contra decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tiveram a presença de apenas uma pré-candidata ao Planalto: Michelle Bolsonaro. A ex-primeira-dama participou do ato em Belém (PA) enquanto governadores apontados como potenciais nomes da direita para 2026 ficaram de fora dos protestos espalhados pelo país.
Críticas à ausência de governadores
Na Avenida Paulista, em São Paulo, o pastor Silas Malafaia, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cobrou a participação dos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ratinho Junior (PSD-PR), Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO). Em abril, o quarteto esteve ao lado de Bolsonaro em ato pelo perdão aos réus de 8 de janeiro, mas, desta vez, não compareceu. “Cadê aqueles que dizem ser a opção no lugar de Bolsonaro?”, questionou Malafaia durante o discurso.
A assessoria de Tarcísio informou que o governador paulista passou por cirurgia no joelho esquerdo já agendada, motivo pelo qual não foi ao ato. Os demais governadores citados não responderam aos pedidos de esclarecimento. Nos protestos pelo país, os chefes dos Executivos estaduais Claudio Castro (PL-RJ) e Jorginho Mello (PL-SC) compareceram às mobilizações em seus respectivos estados e defenderam Bolsonaro.
Discursos e posicionamento de Michelle
Em Belém, Michelle Bolsonaro defendeu “a recuperação da liberdade” e criticou o que chamou de avanço da censura no país. A equipe da ex-primeira-dama declarou que a escolha da capital paraense se deve a compromissos previamente assumidos no estado.
Com Jair Bolsonaro inelegível e impedido de usar as redes sociais por determinação de Moraes, Michelle assumiu parte da interlocução entre o ex-presidente e seu eleitorado. Pesquisas de intenção de voto apontam a ex-primeira-dama como principal herdeira do capital político familiar para 2026. Outro nome em destaque no clã, Eduardo Bolsonaro, está nos Estados Unidos desde que deixou a Câmara dos Deputados e tem intensificado críticas ao STF.
Protestos em várias capitais
Além de São Paulo e Belém, houve atos em Curitiba, Belo Horizonte e Goiânia. Nenhum deles contou com a presença dos governadores locais. Na Avenida Paulista, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), subiu ao palco e foi elogiado pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, por permanecer próximo a Bolsonaro.

Imagem: Thiago Vieira via gazetadopovo.com.br
Estratégia eleitoral e custo político
Para o cientista político Elias Tavares, professor da pós-graduação em direito eleitoral da Universidade Damásio, a ausência dos governadores foi coordenada para evitar desgaste. Segundo ele, o cenário mudou desde abril e os potenciais candidatos de direita buscam uma posição de centro-direita que critique medidas como o “tarifaço” norte-americano, mas sem confronto direto com ministros do STF. “Ninguém está disposto a comprar essa briga”, avaliou.
A expectativa do analista é que mais de uma candidatura de centro-direita dispute o primeiro turno em 2026, buscando atrair votos do eleitorado moderado.
Com informações de Gazeta do Povo