Fundos de capital de risco focados em ativos digitais estão financiando uma nova leva de projetos de blockchain em universidades dos Estados Unidos e do Reino Unido. Collab+Currency, Consensys Mesh, Artemis e Hydra Ventures reuniram cerca de 600 Ether – o equivalente aproximado a US$ 2,3 milhões – para abastecer o Dorm DAO, organização autônoma descentralizada que direciona recursos a clubes geridos por estudantes.
Lançado em 2023, o Dorm DAO já apoia nove instituições norte-americanas, entre elas as universidades de Michigan, Oregon e Virgínia, e acaba de se expandir para a Universidade de Cambridge e o Imperial College, no Reino Unido. O programa combina aporte financeiro, verbas de pesquisa e acesso a estágios, com o objetivo declarado de criar um “pipeline” de talentos para a indústria de finanças digitais.
“Nosso principal objetivo é entusiasmar o maior número possível de estudantes de universidades de elite com a tecnologia blockchain”, afirmou Zack Rosenblatt, diretor de operações da Collab+Currency. A gestora, que já investiu em mais de 150 empresas do setor, liderou a criação do Dorm DAO depois da retração do mercado cripto em 2022.
Retomada após o inverno cripto
Durante o “bull market” de 2021, muitos universitários ingressaram no mercado de ativos digitais ou até abandonaram a faculdade para empreender. O colapso do setor em 2022 — que incluiu falências e grandes demissões em empresas como Coinbase, Crypto.com e Gemini — freou esse movimento. A iniciativa do Dorm DAO busca reverter o desânimo e reabilitar a imagem do segmento dentro dos campi.
No primeiro ano de operação, os gestores estudantis do Dorm DAO superaram o desempenho do Ether em 15%. O resultado chamou a atenção de outros investidores, que se juntaram ao consórcio e ampliaram o capital disponível para negociação e pesquisa nas universidades.
Casos no campus
Na Universidade de Oregon, o estudante Cameron Coleman, de 20 anos, assumiu a presidência do clube Oregon Blockchain, que reúne mais de 40 membros. Ele administra a área de trading da entidade e conclui estágio na plataforma de memecoins Hype, apoiada pela Y Combinator.

Imagem: infomoney.com.br
A mudança de percepção também é sentida por Oliver Tipton, engenheiro de software da Gemini e cofundador do clube de blockchain do Davidson College. Segundo ele, o ceticismo inicial dos colegas está diminuindo conforme a cripto passa a ser vista “como uma classe de ativos séria”.
Conferência e rede de estágios
Ex-integrantes do Dorm DAO, Reva Jariwala (hoje na Coinbase) e Evan Solomon (Portal Ventures), organizaram uma conferência universitária sobre blockchain que, em 2023, levantou mais de US$ 115 mil e garantiu estágios para 50 estudantes. Para a edição deste ano, eles pretendem dobrar o financiamento com patrocínio de Uniswap, Solana e Coinbase. A comissária da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), Hester Pierce, confirmou participação no evento marcado para dezembro.
Com a retomada gradual do mercado e o suporte financeiro das gestoras, clubes de blockchain voltam a ganhar força nos campi, indicando um novo ciclo de formação de profissionais para o setor cripto.
Com informações de InfoMoney