Washington, 3 de agosto de 2025 — O economista Wayne Winegarden, colaborador da revista Forbes, afirma que a estratégia econômica do presidente Donald Trump ameaça comprometer o poder de compra das famílias norte-americanas e o ritmo de expansão do país.
O que está em jogo
Winegarden lembra que Trump se elegeu prometendo restaurar a prosperidade. Pesquisa da CBS News realizada após a eleição mostrou que dois terços dos eleitores consideravam a economia “ruim”, e a maioria desse grupo votou no republicano por confiar em sua capacidade de reverter o quadro. De fato, a renda familiar média real avançou mais rapidamente durante o primeiro mandato de Trump do que no período Biden, segundo o articulista.
Ataques à indústria farmacêutica
Em 31 de julho, o presidente enviou cartas a grandes laboratórios exigindo que reduzam os preços de medicamentos nos Estados Unidos para o mesmo nível praticado no país desenvolvido mais barato. No texto, o governo ameaça usar “todas as ferramentas” para fazer valer a ordem, citando a proposta de Nação Mais Favorecida (MFN, na sigla em inglês), que vincula os valores cobrados aqui aos de nações da OCDE, onde há controle estatal de preços.
Para o economista, a medida equivale a impor tetos de preço nos EUA, transformando o país em “carona” na divisão dos custos de inovação. Segundo ele, o resultado provável seria menor oferta de remédios existentes, redução do desenvolvimento de novos tratamentos e, por consequência, aumento de gastos hospitalares.
Tarifas sob escrutínio
O governo também mantém o foco na elevação de tarifas sobre medicamentos, aço e outros produtos importados. Tarifas funcionam como impostos sobre consumidores e empresas, adverte Winegarden, e o fim dos estoques criados antes das novas taxas deve pressionar ainda mais os preços.
Companhias como Procter & Gamble e Walmart já anunciaram reajustes atribuídos às tarifas, enquanto pequenos negócios de margens estreitas também repassam os custos. Para as famílias, a consequência é cortar consumo.

Imagem: forbes.com
No caso de medicamentos genéricos, que respondem por 90% das prescrições anuais, as tarifas tendem a encarecer produtos justamente na categoria mais acessível.
Impacto sobre empresas e empregos
Montadoras como General Motors, Stellantis, Tesla, Mercedes-Benz e Volkswagen apontaram as tarifas como fator relevante para a queda de lucros, conforme relatou o New York Times. A menor rentabilidade reduz vendas, esfria investimentos e limita a criação de vagas, cenário refletido no último relatório de emprego que, segundo Winegarden, surpreendeu negativamente a Casa Branca.
O articulista conclui que a combinação de medidas regulatórias e comerciais adotadas pela gestão Trump configura uma agenda “anticrocimento”, capaz de frear a economia, conter o avanço da renda e elevar os gastos das famílias.
Com informações de Forbes