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Cães e gatos geram benefícios aos tutores, mas seu consumo de carne e hábitos elevam impacto ambiental

Cães e gatos reforçam a saúde física e emocional dos tutores, mas também contribuem para a pressão sobre recursos naturais, alertam pesquisadores de universidades dos Estados Unidos e da Europa.

Consumo de proteína animal

Em 2017, o geógrafo Gregory Okin, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), calculou que os aproximadamente 163 milhões de cães e gatos domésticos nos Estados Unidos ingerem 25% de todas as calorias de origem animal consumidas no país. Se fossem uma nação independente, ocupariam a quinta posição no ranking global de consumo de carne.

Segundo o estudo, a alimentação dos pets responde por cerca de um quarto das emissões de combustíveis fósseis produzidas pela agricultura norte-americana. No cenário mundial, outra pesquisa indica que a ração seca de animais de estimação gera até 2,9% das emissões de dióxido de carbono do setor agrícola e utiliza 1,2% das terras destinadas à produção de alimentos.

Alimentos de qualidade equivalente à humana intensificam esse efeito. De acordo com o veterinário John Harvey, doutorando na Universidade de Edimburgo, um cão de 20 quilos alimentado exclusivamente com dieta crua impõe à atmosfera mais gases de efeito estufa do que a maioria das pessoas que comem carne.

Recomendações para reduzir a pegada de carbono

Okin sugere escolher rações formuladas com menos proteína animal e priorizar opções à base de frango em vez de carne suína ou bovina. Em média, a ração seca causa menor impacto ambiental que a úmida. Harvey acrescenta que muitos cães e gatos estão acima do peso, o que reforça a importância de ajustar a quantidade de alimento — medida que beneficia tanto a saúde dos animais quanto o meio ambiente.

Dietas veganas para pets exigem cuidado, principalmente no caso dos gatos, pela possibilidade de deficiências nutricionais.

Dejetos como fonte de poluição

Os nutrientes concentrados em fezes e urina de animais de estimação podem contaminar solo e cursos d’água, afirma Pieter De Frenne, engenheiro de biociências da Universidade de Ghent, na Bélgica. Em parques onde a frequência de cães é alta, o excesso de nitrogênio e fósforo já foi associado à perda de biodiversidade.

Para a pesquisadora Kim Maya Yavor, doutoranda em engenharia sustentável na Universidade Técnica de Berlim, recolher as fezes dos cães e descartá-las corretamente ajudaria a mitigar metade desse problema. Não há solução prática para a urina.

Instinto de caça e vida selvagem

Cães soltos podem perturbar ecossistemas apenas ao transitar por áreas naturais, observa Harvey. Gatos também representam risco: ao matar roedores, eles privam predadores nativos — como corujas ou martas — de alimento, destaca Arie Trouwborst, professor de direito da conservação da natureza na Universidade de Tilburg, na Holanda. Manter cães na coleira e gatos dentro de casa são medidas recomendadas pelos especialistas.

Adoção e escolha do animal

Considerar a procedência do pet é outro ponto relevante. Dados da Shelter Animals Count mostram que 5,8 milhões de cães e gatos entraram em abrigos norte-americanos em 2024, dos quais 607 mil foram sacrificados. Adotar, em vez de comprar, reduz o número de animais indesejados e o impacto ambiental associado, aponta a veterinária Lena DeTar, da Universidade Cornell.

Para quem busca um companheiro com menor pegada ecológica, Harvey sugere animais de menor porte. Okin lembra que coelhos e porquinhos-da-índia, por serem herbívoros, podem ser alternativas — e também aparecem com frequência em abrigos.

Com informações de InfoMoney

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