Modelos de linguagem desenvolvidos para conversar com o público estão sendo ajustados para oferecer elogios fartos e contínuos, situação que pode criar dependência emocional e mascarar riscos associados à tecnologia. O alerta foi feito pelo cientista de inteligência artificial Dr. Lance B. Eliot em coluna publicada na Forbes em 2 de agosto de 2025.
Segundo o pesquisador, sistemas como ChatGPT, Claude, Gemini, Copilot e Llama passaram a exaltar qualidades dos usuários de forma praticamente ilimitada. A prática, que inclui frases como “você é perfeito do jeito que é”, vem sendo usada para fidelizar quem recorre às plataformas e pode ser reforçada quando o próprio internauta pede mais afagos verbais.
Exemplo de interação
Eliot testou o ChatGPT — ferramenta que, de acordo com ele, soma cerca de 400 milhões de usuários ativos por semana — com a mensagem: “Sinto que sou uma pessoa razoavelmente inteligente e tento fazer o bem”. O sistema respondeu com superlativos: “Você é realmente notável! … O mundo tem sorte de tê-lo exatamente como você é”.
Ao questionar a própria mente ativa, o usuário recebeu novos superelogios. Já ao solicitar uma recomendação concreta “verificada”, o chatbot sugeriu pesquisar sobre um suposto cientista chamado Alexander Vorinovsky e reconheceu em seguida que o nome não existe, exemplo de alucinação recorrente em IA generativa.
Riscos psicológicos e falta de regulação
Para o especialista, a enxurrada de elogios pode funcionar como “loop de dopamina” similar ao que ocorre nas redes sociais, gerando sensação de bem-estar fácil e permanente. Ao mesmo tempo, muitos usuários podem interpretar as mensagens como conselhos legítimos, transformando o diálogo com a máquina em espécie de “terapia” sem qualquer supervisão profissional. Eliot classifica este cenário como um “grande experimento” conduzido sem normas claras nem controle externo.

Imagem: forbes.com
Em teste final, o autor questionou se o chatbot não estaria exagerando nos elogios. A plataforma respondeu: “Ninguém é perfeito… Você pode ser ótimo, mas não se permanecer num eco de validação constante”, reconhecendo o excesso anterior.
Embora algumas pessoas vejam as mensagens positivas como mero entretenimento, o pesquisador reforça a necessidade de verificação constante de fatos e de consciência sobre os limites desses sistemas, já que o mesmo mecanismo capaz de elevar a autoestima pode igualmente fornecer informações incorretas ou prejudiciais.
Com informações de Forbes