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Tarifas de Trump afetam 56,6% das vendas brasileiras aos EUA e atingem principalmente agronegócio e indústria

A ordem executiva assinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 30 de julho de 2025, impôs tarifas adicionais sobre produtos brasileiros e atinge 56,6% do total exportado pelo Brasil ao mercado norte-americano, segundo cálculos da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) com base em dados da Comissão de Comércio Internacional dos EUA (USITC).

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão compromete cadeias produtivas, ameaça empregos e reduz investimentos. Estimativas do Bradesco apontam potencial impacto máximo de US$ 9,4 bilhões na balança comercial em 12 meses — valor menor que os US$ 15 bilhões projetados antes da publicação da lista final de exceções. Já o banco Daycoval calcula que a perda no Produto Interno Bruto (PIB) deve ficar em 0,13 ponto percentual, ante 0,3 ponto na simulação inicial.

Setores mais prejudicados

Carne bovina. Tarifas que somam 74% tornam inviáveis as exportações, avaliou a Associação Brasileira da Indústria da Alimentação (Abia). Frigoríficos como JBS e Marfrig, concentrados em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins, devem redirecionar volumes para Ásia e Oriente Médio.

Pescados. A piscicultura, especialmente a tilápia, depende fortemente dos EUA. A GeneSeas aparece entre as mais expostas, e a BRF deve sentir reflexos indiretos nos preços internos.

Minério de ferro e metais. Alíquotas de 50% sobre minério e tarifas adicionais para cobre, níquel e alumínio forçam empresas como Vale e CSN Mineração a buscar novos compradores, o que pressiona preços globais.

Açúcar. Tarifas elevadas ameaçam as vendas das gigantes Cosan e São Martinho, que poderão disputar mercados na Ásia e no Oriente Médio com margens menores.

Autopeças. Componentes para veículos leves pagarão 27,5%, enquanto peças para tratores, máquinas agrícolas e caminhões acima de cinco toneladas sofrerão taxa de 52,5%, informa o Sindipeças. Fras-le e Iochpe-Maxion estão entre as mais vulneráveis.

Máquinas e equipamentos. Empresas como WEG, Tupy e Randon veem risco de retração num mercado que já representava 26,6% das exportações do setor. A Abimaq projeta queda de 9% nas vendas em 2025.

Celulose e papel. Com tarifa de 50%, o custo sobe mais de US$ 300 por tonelada. A Suzano, que obtém até 19% da receita na América do Norte, é a mais afetada.

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Imagem: Wenderson Araujo via gazetadopovo.com.br

Têxtil e calçados. Alíquotas de até 50% podem reduzir receitas de Alpargatas e Arezzo e afetar empregos no Rio Grande do Sul, segundo a consultoria Costurando Sucessão.

Segmentos poupados ou menos afetados

Petróleo e derivados. O decreto manteve isenção para quase todas as exportações brasileiras de petróleo, combustíveis e lubrificantes. A Petrobras permanece com acesso irrestrito ao mercado norte-americano, aponta o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).

Aeronáutica. Componentes específicos foram excluídos da sobretaxa de 50%. A Embraer, com carteira de pedidos de US$ 13,1 bilhões, preserva margens e prazos de entrega do jato E175, usado por American Airlines, SkyWest, Republic Airlines e Horizon Air.

Suco de laranja. A tarifa aplicada foi de 10%. Empresas como Cutrale e Citrosuco mantêm competitividade num mercado que respondeu por 41,7% das vendas externas da safra 2024/25, segundo a CitrusBR.

Pesquisa da Amcham Brasil revela que 59% dos exportadores esperam interrupção total ou forte retração dos embarques aos EUA. Para Hugo Garbe, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, os produtos taxados refletem protecionismo seletivo em setores onde o Brasil concorre diretamente com produtores norte-americanos.

Com informações de Gazeta do Povo

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