A cem dias do início da 30.ª Conferência das Partes (COP-30), 25 delegações encaminharam carta à ONU e ao governo brasileiro solicitando a transferência total ou parcial do encontro de Belém para outra cidade. O motivo é o aumento de até 15 vezes nas diárias de hotéis na capital paraense, segundo cotações apresentadas pela própria organização.
O documento é assinado por grupos como o Grupo Africano de Negociadores e o bloco dos Países Menos Desenvolvidos (LDC), além de nações ricas, entre elas Canadá, Suécia, Holanda, Áustria, Bélgica, Finlândia, Noruega e Suíça. As delegações pedem “garantias reais” de hospedagem acessível e logística segura durante o evento, previsto para novembro e que deve reunir cerca de 50 mil participantes.
Prazo até 11 de agosto
Uma reunião de emergência do secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) realizada na terça-feira (29) deu ao Brasil prazo até 11 de agosto para apresentar soluções. “O Brasil tem muitas opções para entregar uma boa COP”, afirmou Richard Muyungi, presidente do Grupo Africano de Negociadores, à agência Reuters.
Sem plano de mudança, diz governo
A secretaria-extraordinária da COP-30 confirmou o recebimento da carta, mas descartou a realização do encontro fora de Belém. O presidente da conferência, André Corrêa do Lago, reconheceu na quinta-feira (31) que alguns países pediram formalmente a mudança de sede. “Os preços estão completamente abusivos, mais de dez e até 15 vezes o valor normal”, disse, após relatos de diárias próximas a US$ 700 por pessoa.
Medidas emergenciais
Para enfrentar o déficit de leitos, o governo avalia investigações sobre prática abusiva no setor hoteleiro, uso de imóveis do programa Minha Casa Minha Vida, escolas, plataformas de aluguel por temporada e até navios de cruzeiro.
Também criou uma plataforma oficial de hospedagem, com 2,5 mil quartos. Delegações de países menos desenvolvidos podem reservar até 15 quartos por US$ 200 cada; nações em desenvolvimento, até 10 quartos por US$ 600; e há opção de diárias de US$ 220 para parte dos participantes. Os signatários da carta consideram a oferta insuficiente e exigem valores de até US$ 164 (cerca de R$ 918) próximos ao Parque da Cidade, local das negociações.

Imagem: Fernando Frazão via gazetadopovo.com.br
O texto enviado às autoridades também critica a sugestão de dividir quartos para diminuir custos e ressalta que a participação da sociedade civil deve ser assegurada. “Se essas condições não forem atendidas para todos que precisam estar em nossas negociações, não teremos chance de chegar a um resultado de sucesso”, advertem os países.
Apesar da pressão internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador do Pará, Helder Barbalho, mantêm Belém como vitrine da agenda ambiental brasileira, com a meta de discutir a preservação da Amazônia em território amazônico.
Com informações de Gazeta do Povo