O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), qualificou como “covarde e traiçoeira” a movimentação de brasileiros que teriam pedido ao governo dos Estados Unidos a aplicação de sanções contra autoridades do país. A declaração foi feita nesta sexta-feira, 1.º de agosto de 2025, durante a cerimônia de reabertura dos trabalhos do STF após o recesso de meio de ano.
Moraes é alvo da Lei Magnitsky, adotada pela administração do presidente norte-americano Donald Trump. A medida bloqueia eventuais bens nos EUA, impede transações financeiras, restringe viagens e pode barrar contratos com empresas norte-americanas.
Críticas a investigados e foragidos
Em seu discurso, o ministro afirmou que a iniciativa partiu de “brasileiros pseudo-patriotas” investigados ou réus na ação penal que apura a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Segundo ele, esses grupos atuariam para “submeter o funcionamento deste STF ao crivo de um Estado estrangeiro”.
Sem mencionar nomes, Moraes disse que parte dessas pessoas está foragida no exterior e recorre a “atos hostis, mentirosos, derivados de negociações espúrias” para tentar obstruir a Justiça brasileira. Ele citou também pressões para um “tirânico arquivamento” da ação penal, o que beneficiaria “determinadas pessoas que se acham acima da Constituição”.
Acusações de “traição à pátria”
Moraes classificou a investida por sanções como “traição à pátria”, alegando que provoca efeitos negativos na economia e ameaça a soberania nacional. Para o ministro, há provas reunidas em inquérito aberto recentemente que demonstrariam induzimento, instigação e auxílio à interferência estrangeira no Judiciário.
Ele ainda afirmou que hostilidades contra magistrados e familiares se propagam nas redes sociais, comparando a ação a “milicianos do submundo do crime”.
Método “golpista” e pressão sobre o Congresso
O ministro ressaltou que o objetivo seria repetir o modus operandi verificado após o pleito de 2022, quando acampamentos em quartéis antecederam os atos de 8 de janeiro de 2023. Na avaliação dele, as sanções econômicas buscariam criar instabilidade social e política conduzindo a um novo ambiente propício a tentativa de golpe.

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Moraes também mencionou — sem citar diretamente — ameaças atribuídas ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Segundo o ministro, os parlamentares teriam sido pressionados a pautar uma anistia ou um processo de impeachment contra integrantes do STF sob pena de também sofrerem sanções norte-americanas.
Defesa interna no Supremo
O presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, e o ministro Gilmar Mendes manifestaram apoio a Moraes durante a sessão. Barroso afirmou que o tribunal não aceitará “coações, obstruções ou tentativas de novos golpes de Estado”.
Moraes encerrou o pronunciamento afirmando que os ministros do STF foram “forjados no mais puro espírito democrático” e que não haverá “covarde rendição dos Poderes constituídos”.
Com informações de Gazeta do Povo