Brasília – O ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro, declarou nesta sexta-feira, 1º de agosto de 2025, que houve perseguição política à direita durante a campanha presidencial de 2022. Em entrevista ao programa “News da Manhã Brasil”, do canal AuriVerde no YouTube, ele disse estar disposto a “pagar com a própria vida” para impedir a continuidade de Moraes no poder.
Acusações de censura
Tagliaferro trabalhou na Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), estrutura criada em março de 2022 pelo TSE. Segundo ele, a equipe presenciou a retirada sistemática de conteúdos desfavoráveis ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto materiais de campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teriam sido barrados. Entre os casos mencionados estão imagens do desfile de 7 de Setembro, do funeral da rainha Elizabeth II e vídeos que associavam Lula a regimes autoritários.
O ex-assessor também afirmou ter presenciado a ordem de remoção de uma entrevista concedida pela senadora Mara Gabrilli (então candidata a vice de Simone Tebet) ao mesmo canal AuriVerde, na qual ela relacionava Lula ao assassinato do ex-prefeito Celso Daniel. De acordo com Tagliaferro, relatórios técnicos elaborados pela AEED eram enviados ao gabinete de Moraes, que emitia as decisões judiciais para derrubar as publicações. Ele acrescentou que grandes plataformas de tecnologia acataram as determinações, mesmo “a contragosto”.
“Peça fundamental”
Durante a entrevista, Tagliaferro declarou: “Se preciso for, pago com a minha vida para tentar salvar o país, porque acredito que hoje sou peça fundamental para isso”. Ele disse não possuir apoio partidário e relatou ter sido procurado apenas pelo senador Magno Malta (PL-ES) para depor em uma comissão parlamentar. “O que me move não é a direita nem a esquerda. É o Brasil”, afirmou.
Indiciamento e expectativa de novas ações
Indiciado pela Polícia Federal em abril deste ano por violação de sigilo funcional, o ex-assessor afirmou esperar novas investigações e processos, mas disse não temer eventuais consequências. Em recado direcionado a Moraes, declarou: “Se você me derrubar, já tem pessoas de minha confiança atuando junto comigo. Boa sorte”.

Imagem: Alejandro Zambrana via gazetadopovo.com.br
Tagliaferro não apresentou provas das acusações durante a entrevista. O ministro Alexandre de Moraes não se manifestou até o momento.
Com informações de Gazeta do Povo