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Vibrador inteligente da Lioness transforma orgasmos em dados e impulsiona pesquisa sobre prazer feminino

Fundada em 2014 pela engenheira mecânica Anna Lee, ex-Amazon, a Lioness Health tornou-se lucrativa ao oferecer um vibrador “smart” capaz de registrar informações biométricas durante o orgasmo. O dispositivo monitora contrações do assoalho pélvico, temperatura corporal e padrões de movimento; cada unidade possui um identificador único que envia dados anônimos a um repositório usado pelas próprias usuárias e por pesquisadores.

Mercado e oportunidade

A aposta veio num segmento ainda pouco explorado da economia da saúde. Segundo projeções, o mercado global de sextech deve superar US$ 48 bilhões até 2033. Apesar dos benefícios físicos e mentais do orgasmo, produtos de bem-estar sexual enfrentam restrições publicitárias que equiparam vibradores a conteúdo pornográfico. Até 1.º de janeiro de 2025, a Meta barrava anúncios da Lioness; a empresa recorreu então a táticas orgânicas, como vídeos no TikTok e publicações no Reddit, para conquistar público. A estratégia rendeu 450 mil seguidores à CEO e engajamento superior ao obtido por campanhas pagas.

Do tabu à transparência

Criada em um lar coreano conservador, Lee declara que, no início, evitava até pronunciar a palavra “vagina”. O impulso para empreender veio após ouvir de um fundador de brinquedos eróticos que “encostar o aparelho no nariz” seria equivalente à sensação no clitóris. Para ela, o padrão de testes ignorava corpos femininos e levava consumidoras a culparem a si mesmas por falhas de design.

Em plena pandemia, Lee publicou gráficos de seus próprios orgasmos – inclusive um desafio de 30 dias de masturbação consecutiva – explicando variações causadas por fatores como consumo de café. A exposição transformou seguidores em clientes e, posteriormente, em colaboradoras de pesquisa.

Parcerias científicas

Fisioterapeutas e neurocientistas se interessaram pelo banco de dados. A doutora Dee Hartmann, que trabalhou 27 anos com dor vulvar crônica em Chicago, observou que as contrações registradas pela Lioness são estatisticamente mais fortes que movimentos voluntários do assoalho pélvico. Já o professor James Pfaus, da Universidade Charles, em Praga, analisou 52 mulheres e identificou três assinaturas distintas de orgasmo: “Wave”, “Avalanche” e “Volcano”, categorizadas conforme tensão pélvica e padrão de liberação.

As usuárias podem optar por compartilhar o identificador do aparelho com equipes acadêmicas, mantendo o anonimato. Para Hartmann, a ferramenta abre caminho para estudos sobre diferenças culturais de excitação; Pfaus ressalta a dificuldade histórica em obter financiamento para pesquisar orgasmos e vê a Lioness como forma de contornar esse obstáculo.

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Imagem: forbes.com

Dados que viram agência

Segundo pesquisa interna, grande parte das compradoras enxerga o produto como instrumento de autoconhecimento e contribuição científica. Com apenas US$ 1,2 milhão captados em rodada inicial, a Lioness priorizou conteúdo educativo, painéis e presença em conferências para driblar bloqueios de marketing, transformando limitações em vantagem competitiva.

O Dia Nacional do Orgasmo, celebrado em 31 de julho em seis países desde 2007, reforça a discussão sobre a chamada “lacuna do prazer”: 95% dos homens heterossexuais atingem o clímax em relações sexuais, contra 65% das mulheres na mesma condição; 60% delas já simularam orgasmo, ante 25% dos homens. Ao converter prazer em dados, a Lioness procura reduzir essas estatísticas e impulsionar conhecimento sobre saúde sexual feminina.

Para Lee, o caminho da vergonha ao protagonismo foi possível graças à ciência: “Entender meu corpo por meio de dados me deu conforto”. Hoje, a empreendedora comanda uma comunidade que transforma experiências íntimas em informação valiosa para usuárias e para a pesquisa médica.

Com informações de Forbes

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