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Tarifa extra dos EUA pode reduzir preços de café e carne bovina no mercado brasileiro

Setores de café e carne bovina do Brasil ficaram fora da lista de quase 700 produtos poupados das novas tarifas de 50% definidas pelo governo dos Estados Unidos. A medida, oficializada em ordem executiva de 31 de julho, passa a valer em 6 de agosto e deve forçar exportadores a procurar outros mercados, o que pode aumentar a oferta interna e, no curto prazo, derrubar os preços desses alimentos no país.

Exportações afetadas

De janeiro a junho de 2025, o café em grão foi o item agropecuário brasileiro mais vendido aos EUA, gerando US$ 1,17 bilhão, o equivalente a 16% de todas as exportações do produto, segundo a Secretaria de Comércio Exterior. Na sequência aparece a carne bovina, com US$ 1,03 bilhão em receita, sendo US$ 791 milhões em proteína congelada (12% das vendas totais) e US$ 239 milhões em carne industrializada, segmento que depende 65% do mercado americano.

Impacto nos preços internos

Para o consumidor brasileiro, a redução de embarques tende a aumentar a oferta doméstica. “Esse excedente precisa ser escoado e pode realmente provocar queda de preços”, afirma André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getulio Vargas. No caso do café, a atual safra é considerada mais robusta que a dos últimos anos, o que reforça a expectativa de deflação depois de um avanço de 80% em 12 meses.

O economista pondera, porém, que o movimento não deve ser duradouro: “Se não surgirem novos compradores, a oferta acaba sendo ajustada para preservar margens”. Para a carne bovina, a pressão interna pode ser menor graças à forte demanda da China e de outros países asiáticos, além da possível abertura do mercado japonês após o reconhecimento do Brasil como livre de febre aftosa sem vacinação.

Setor cafeeiro busca negociação

A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) considera que o adiamento da vigência das tarifas para 6 de agosto abre espaço para negociação. O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) também mantêm diálogo com entidades norte-americanas para tentar incluir o produto na lista de exceções.

A esperança do segmento ganhou fôlego após o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, declarar em 29 de julho que o país estuda zerar tarifas de alimentos não produzidos em território americano, como o café — benefício que dependeria, contudo, de acordos bilaterais.

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Imagem: José Cláudio Guimarães via gazetadopovo.com.br

Exportadores de carne temem inviabilidade

Para a carne bovina, a nova taxa elevará a carga total a 76,4%, somada à alíquota atual de 26,4%. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) avalia que essa tributação inviabiliza as vendas aos EUA, que compraram 229 mil toneladas em 2024 e poderiam chegar a 400 mil toneladas em 2025. A entidade negocia com importadores norte-americanos e com o governo brasileiro para reverter a decisão.

Outros setores também impactados

Produtos de madeira, papéis, frutas como manga e uva, pescados e mel também não foram isentos. A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) e associações de frutas, pescado e apicultura alertam para perdas de mercado e emprego caso não haja revisão das tarifas.

A ordem executiva consolida o maior pacote tarifário contra o Brasil em décadas, com potencial de alterar fluxos comerciais e influenciar os preços de alimentos no mercado interno.

Com informações de Gazeta do Povo

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