Os preços internacionais do petróleo continuam resistentes, apesar de projeções recorrentes de superávit no mercado. Analistas ainda veem chance de nova alta, mesmo com a decisão da Opep+ de acelerar a reversão de cortes voluntários de produção e diante das incertezas provocadas pelas tarifas comerciais dos Estados Unidos.
Demanda norte-americana mostra sinais mistos
Nos Estados Unidos, os indicadores de consumo de derivados dão mensagens contraditórias. A demanda por gasolina caiu 0,6% na comparação anual, sugerindo menor confiança dos consumidores. Já o consumo de destilados, ligado à atividade industrial e ao transporte de cargas, subiu 3,7%. O querosene de aviação avançou 5,4%, contrariando a ideia de desaceleração nos gastos com viagens de longa distância.
Oferta da Opep+ cresce menos que o previsto
A organização e seus aliados eliminarão, até agosto, os 2,2 milhões de barris diários (mb/d) de cortes voluntários anunciados anteriormente. Entretanto, o aumento efetivo de produção entre abril e junho somou 0,81 mb/d, abaixo dos 1,23 mb/d esperados pela Agência Internacional de Energia (AIE). Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Iraque concentram 3,8 mb/d dos 4,4 mb/d de capacidade ociosa disponíveis no grupo.
Estoques sobem menos do que o projetado
A AIE estima que os estoques globais cresceram pouco mais de 1 mb/d no primeiro trimestre e 1,6 mb/d no segundo. Contudo, os estoques da OCDE aumentaram apenas 38 milhões de barris entre dezembro de 2024 e maio de 2025. Mesmo que o acréscimo mundial seja o dobro do apurado na OCDE, o volume ainda fica aquém do previsto.
Os chamados “estoques observados” teriam avançado 1,74 mb/d no segundo trimestre, período normalmente marcado por parada de refinarias para manutenção. Boa parte desse aumento ocorreu na China e em líquidos de gás natural dos EUA, cujas exportações foram afetadas pela disputa comercial entre Washington e Pequim.
Incertezas econômicas seguem no radar
Pressões como possíveis sanções mais rígidas a Irã e Rússia, além do desempenho abaixo do esperado da produção de petróleo de xisto nos EUA, podem sustentar os preços. Por outro lado, caso a inflação norte-americana acelere e as tarifas permaneçam elevadas, a demanda tende a enfraquecer. Uma eventual resposta da Arábia Saudita à sobreprodução de Iraque, Cazaquistão e Emirados Árabes Unidos será determinante para definir o rumo das cotações.

Imagem: forbes.com
No cenário oposto, se as economias de Estados Unidos e China crescerem acima do previsto e as sanções reduzirem efetivamente a oferta, o viés de alta ganhará força. Ainda assim, há expectativa de que Riad pressione por cotas maiores caso os preços se valorizem, buscando capturar ganhos adicionais.
Por ora, os fatores de alta e baixa se equilibram, mantendo o mercado sem direção clara e deixando analistas divididos sobre o próximo movimento das cotações.
Com informações de Forbes