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Governo Lula ignorou alertas e enfrenta tarifa de 50% e sanções dos EUA

No início de 2024, parlamentares brasileiros e norte-americanos passaram a avisar o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o risco de punições dos Estados Unidos em razão de processos judiciais considerados políticos contra adversários conservadores. Após mais de um ano sem avanços diplomáticos, Washington oficializou um imposto de 50% sobre produtos brasileiros, válido a partir de 6 de agosto, e incluiu o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na lista de sanções da Lei Global Magnitsky.

Escalada de advertências

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) articulou, desde o primeiro semestre de 2024, reuniões com congressistas norte-americanos alertando para possíveis retaliações. Ainda sob o governo Joe Biden, o Departamento de Estado enviou sinais de preocupação. Durante a campanha eleitoral, Donald Trump prometeu agir caso fosse eleito e, já presidente, manteve o compromisso.

Em 7 de julho de 2025, Trump publicou na rede Truth Social que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro era uma “caça às bruxas”. Dois dias depois, enviou carta a Lula condenando o processo e anunciando a sobretaxa de 50%. O pacote foi seguido pelo cancelamento de vistos de ministros do STF e familiares, além da ameaça de novas punições financeiras amparadas pela Lei Magnitsky.

Reação limitada do Itamaraty

O Palácio do Planalto respondeu com notas de repúdio, mas não abriu negociações concretas. Delegações brasileiras em Washington circulam sem agenda com Trump ou com o secretário de Estado Marco Rubio. O chanceler Mauro Vieira só conseguiu contato telefônico com o homólogo pouco antes da entrada em vigor do “tarifaço”.

Para Daniel Afonso Silva, professor de Relações Internacionais da USP, a demora reflete “ausência de coordenação” e subestimação do impacto econômico. Ele avalia que, no curto prazo, a decisão norte-americana é irreversível.

Processos no STF e insegurança jurídica

Alexandre de Moraes agora está formalmente impedido de operar no sistema financeiro vinculado aos EUA. Caso o STF determine que empresas no Brasil ignorem as sanções, especialistas apontam risco de insegurança jurídica e atrito institucional.

Jair Bolsonaro, réu em inquérito conduzido por Moraes, usa tornozeleira eletrônica e está proibido de acessar redes sociais. A situação foi citada por parlamentares norte-americanos, como o deputado Chris Smith, presidente do Subcomitê de Direitos Humanos da Câmara dos EUA, que enviou carta a Moraes em 2024 questionando medidas que classificou como “graves violações”.

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Imagem: Marcelo Camargo via gazetadopovo.com.br

Impacto político e econômico

Enquanto Lula restringe eventual diálogo com Trump a questões comerciais, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fala em linhas de crédito e financiamentos públicos para mitigar perdas, gerando críticas sobre riscos fiscais. Governadores de estados afetados recusaram convite para reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin.

Analistas veem o Brasil isolado: os EUA fecharam acordos para reduzir tarifas com União Europeia, Japão, Reino Unido e Índia, enquanto o país ficou fora da lista de prioridades, em meio a críticas de Lula à gestão Trump e ao apoio brasileiro à agenda dos Brics pela desdolarização.

Sem sinais de reversão imediata, as relações bilaterais atravessam o momento mais tenso em quase dois séculos.

Com informações de Gazeta do Povo

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