Washington (30) – O presidente norte-americano, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que cria tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, mas prevê 694 exceções. Desse total, 565 itens pertencem à aviação civil, preservando as exportações da Embraer da alta tributária.
Pelos termos do decreto, peças, componentes, motores, turbinas e até as aeronaves completas seguem sujeitos apenas à alíquota anterior, de 10%. A Embraer, que destina cerca de 60% de suas vendas aos Estados Unidos, calcula que o aumento de 40 pontos percentuais representaria custo adicional de US$ 9 milhões por jato.
Impacto nas exportações
Veículos aéreos responderam por 5,9% de tudo o que o Brasil vendeu aos EUA em 2024. Os norte-americanos adquiriram 63,2% dos US$ 3,8 bilhões exportados em aeronaves no ano passado. A carteira de pedidos mais recente da Embraer soma 336 jatos comerciais, dos quais 181 foram encomendados por companhias dos Estados Unidos.
Em nota, a empresa afirma que a manutenção dos 565 códigos na lista de exceções “confirma o impacto positivo e a importância estratégica” de suas operações para as economias brasileira e norte-americana. A fabricante reforçou a defesa do “retorno à regra de tarifa zero” para todo o setor aeroespacial.
Negociações em Washington
Antes da decisão, o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, reuniu-se com representantes de alto escalão do governo Trump para argumentar contra o tarifaço anunciado em julho. O esforço contribuiu para a exclusão dos itens ligados à aviação.
Benefícios para madeira e celulose
O segmento de madeira e derivados também foi parcialmente poupado. A celulose de fibra curta à base de eucalipto, principal item da pauta, ficou fora da sobretaxa. A Suzano, cujas vendas para a América do Norte representaram 16,6% da receita em 2024, é a maior beneficiada; estima-se que 80% do produto consumido nos EUA venha do Brasil.

Imagem: infomoney.com.br
A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) elogiou a inclusão da celulose e do ferro-gusa na lista de exceções, mas manifestou preocupação com painéis, madeira serrada e papéis de embalagem, que passarão a pagar a nova tarifa.
Produtos que continuam taxados
Carnes, frutas e café não foram poupados pelo decreto. A única exceção no segmento de alimentos foi o suco de laranja, tanto na forma de polpa congelada quanto concentrada. Para o CEO da Empiricus, Felipe Miranda, a lista final foi “muito melhor do que se esperava”, restando poucos itens relevantes sem isenção.
Vigência das novas alíquotas
As tarifas entram em vigor sete dias após a publicação oficial, marcada para quarta-feira, 7 de agosto. Cargas embarcadas antes dessa data poderão desembarcar nos EUA até 5 de outubro sob a regra anterior.
Com informações de InfoMoney