Em 30 de julho de 2025, o Comitê Conjunto de Direitos Humanos do Parlamento do Reino Unido publicou um relatório advertindo que governos estrangeiros estão cada vez mais ousados ao tentar silenciar e intimidar pessoas em solo britânico.
O documento descreve “repressão transnacional” como o conjunto de táticas usadas por Estados para atingir, fora de suas fronteiras, dissidentes, ativistas, jornalistas e opositores. Entre os métodos relatados estão perseguição, campanhas de desinformação on-line, ameaças, detenção de familiares, ações judiciais abusivas, ciberataques e intimidação direta.
Países mais citados
O comitê recebeu provas consideradas críveis de que vários governos recorrem a essas práticas no Reino Unido. Três nações se destacam:
China – O relatório aponta vigilância, assédio virtual e pressão sobre familiares no exterior. Autoridades de Hong Kong chegaram a oferecer recompensas de HK$ 1 milhão por informações que levem à captura de alvos, como a estudante de 19 anos Chloe Cheung. Parlamentares também alertam para a existência de delegacias chinesas não oficiais que monitoram a diáspora.
Rússia – Acusada de usar indevidamente alertas vermelhos da Interpol e processos judiciais estratégicos (SLAPP) contra jornalistas e críticos, além de ataques físicos como o envenenamento de Sergei e Yulia Skripal, em Salisbury.
Irã – Segundo o relatório, a República Islâmica organiza complôs de assassinato, agressões, congelamento de bens e campanhas de difamação. Centros culturais iranianos serviriam de fachada para vigilância da diáspora, e mulheres jornalistas sofrem abusos de gênero, incluindo ameaças de violência sexual.
Outros países mencionados incluem Bahrein, Egito, Eritreia, Índia, Paquistão, Ruanda, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Imagem: Dinendra Haria via forbes.com
Falta de estratégia britânica
Apesar do volume de casos, o comitê afirma que o Reino Unido não possui estratégia clara para enfrentar o problema. Não há definição oficial de repressão transnacional, nem coleta sistemática de dados. A falta de treinamento específico faz com que o apoio policial às vítimas seja irregular.
O presidente do colegiado, Lord David Alton de Liverpool, afirmou que o Reino Unido “deveria ser um lugar de refúgio e segurança”, mas vê “crescimento da repressão estrangeira em solo britânico sem a devida resposta”, possivelmente apenas “a ponta do iceberg”.
Entre as recomendações, o relatório sugere definir o conceito em lei, melhorar a coleta de dados e capacitar forças de segurança – medidas que, segundo os parlamentares, poderiam ser adotadas por outros países.
Com informações de Forbes