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Marfrig interrompe produção de carne para os EUA em Várzea Grande (MT)

A Marfrig suspendeu, desde 17 de julho, a produção de carne bovina destinada aos Estados Unidos em seu complexo de Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá (MT). A decisão foi comunicada ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) com a justificativa de “razões comerciais”. Não há previsão para retomada, que deverá ser informada aos órgãos de fiscalização com 72 horas de antecedência.

A paralisação ocorre pouco depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciar a elevação da tarifa adicional sobre produtos brasileiros de 10% para 50%, medida que começa a valer em 1.º de agosto. Procurada, a companhia afirmou que não comentaria o assunto.

Unidade estratégica

O complexo de Várzea Grande, adquirido da BRF em dezembro de 2018 por R$ 100 milhões, realiza abate, desossa e processamento industrial de cerca de 3 mil animais por dia. A planta está habilitada para exportar para 22 países, incluindo China, mercados europeus e os Estados Unidos.

Peso do mercado americano

Os EUA são o segundo principal destino da carne bovina brasileira, atrás da China. Em 2024, o país comprou 189,2 mil toneladas do produto, equivalentes a 7,4% das vendas externas do Brasil, gerando US$ 11,7 milhões em receita, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Desde a entrada em vigor da tarifa adicional de 10%, os embarques vêm caindo: de 44,2 mil toneladas em abril — recorde mensal — para 22,5 mil em maio e 13,4 mil em junho.

Efeitos no setor

No Mato Grosso do Sul, frigoríficos também decidiram, em 16 de julho, suspender preventivamente a produção voltada ao mercado norte-americano. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados do Estado (Sicadems), as empresas redirecionam a produção para o mercado interno e outros destinos externos enquanto aguardam definição sobre as novas tarifas.

Marfrig interrompe produção de carne para os EUA em Várzea Grande (MT) - Imagem do artigo original

Imagem: Albari Rosa via gazetadopovo.com.br

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Perosa, estima que o segmento pode perder até US$ 1 bilhão em 2025 se a tarifa de 50% entrar em vigor. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) projeta recuo de US$ 5,8 bilhões nas exportações do agronegócio para os EUA, redução de 48% em relação a 2024.

Impactos econômicos mais amplos

Estudo do Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada (Nemea), da Universidade Federal de Minas Gerais, prevê até 110 mil demissões no país em consequência do “tarifaço”. O Produto Interno Bruto poderia diminuir 0,16%, ou R$ 19,2 bilhões, afetando principalmente São Paulo (-R$ 4,4 bilhões), Rio Grande do Sul (-R$ 1,9 bilhão), Paraná (-R$ 1,9 bilhão), Santa Catarina (-R$ 1,74 bilhão) e Minas Gerais (-R$ 1,66 bilhão).

Governos estaduais e a administração federal avaliam medidas de apoio, como facilitação de crédito e programas de manutenção de emprego, para mitigar os efeitos das novas tarifas sobre empresas e trabalhadores.

Com informações de Gazeta do Povo

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