O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deverá telefonar para o colega norte-americano Donald Trump antes de sexta-feira, 1.º de agosto, dia em que passa a valer a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pela Casa Branca. A avaliação é do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Em missão oficial em Washington, Wagner afirmou que “o encontro de dois presidentes da República não se prepara da noite para o dia” e que, portanto, não há tempo hábil para uma conversa antes da adoção da medida. O senador destacou ainda o receio de que um diálogo improvisado resulte em atritos semelhantes aos registrados entre Trump e os líderes da Ucrânia e da África do Sul.
A possibilidade de um telefonema foi defendida pelos oito senadores que integram a comitiva brasileira e mencionada em reuniões com empresários e parlamentares norte-americanos. Mesmo assim, Wagner ressaltou que o foco imediato é reconstruir pontes diplomáticas e políticas no médio prazo, e não buscar soluções de impacto imediato.
Gleisi Hoffmann declarou que o governo brasileiro aguardará um sinal claro de Washington antes de qualquer contato de alto nível. “O presidente Trump disse que não quer conversar agora. Uma negociação entre chefes de Estado precisa ser preparada pelos negociadores”, afirmou. Segundo a ministra, Lula está disposto ao diálogo, mas espera reciprocidade dos Estados Unidos antes de avançar em tratativas comerciais.
As declarações foram dadas após a participação de Gleisi no Fórum Brasil-União Europeia, onde ela classificou o tarifaço de Trump como “agressivo” e “politicamente motivado”. Para a ministra, as medidas têm caráter de sanção e carecem de justificativa objetiva.
Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom via gazetadopovo.com.br
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também citou a chance de uma conversa entre Lula e Trump, condicionando o encontro a uma preparação prévia. Haddad disse esperar que, nos próximos dias, Washington demonstre maior disposição para negociar com Brasília.
Com informações de Gazeta do Povo
