O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou, em entrevista ao The New York Times, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mudaria de opinião sobre ele caso houvesse contato direto entre os dois. “Se ele me conhecesse, saberia que sou 20 vezes melhor que Bolsonaro”, afirmou o chefe do Executivo brasileiro.
A conversa foi publicada nesta quarta-feira, 30 de julho de 2025, dois dias antes de entrar em vigor a tarifa de 50% imposta por Washington sobre produtos brasileiros. Lula classificou a medida como uma violação da soberania nacional e atribuiu a sanção a motivações políticas ligadas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Tentativas frustradas de diálogo
Lula disse ter solicitado encontros com Trump, sem sucesso. Segundo ele, o vice-presidente, o ministro da Agricultura e o ministro da Economia também foram encarregados de buscar interlocução com seus respectivos pares norte-americanos, mas não obtiveram resposta. “O tom da carta de Trump é definitivamente o de alguém que não quer conversar”, declarou.
“Não tenho medo, mas não aceito imposição”
Embora admita preocupação com os impactos econômicos da tarifa, o presidente afirmou não temer o republicano. Para Lula, o Brasil não deve “estufar o peito e gritar por coisas que não pode cumprir” nem “abaixar a cabeça e dizer ‘amém’ a tudo o que os Estados Unidos desejam”.
Bolsonaro em julgamento
O petista defendeu que o ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta o processo judicial “com pleno direito de defesa” e criticou Trump por, segundo ele, transformar cidadãos brasileiros e norte-americanos em “vítimas” ao encarecer produtos por razões políticas.
Imagem: Isabella de Paula via gazetadopovo.com.br
Alternativas comerciais
Lula afirmou que, caso Washington não queira manter a parceria comercial, o Brasil buscará novos mercados. Ele citou a “relação extraordinária” com a China e disse não ter preferência ideológica: “Tenho interesse em vender para quem quiser comprar de mim — para quem pagar mais”.
Até o momento, Lula e Trump não conversaram diretamente, e a tarifa de 50% sobre importações do Brasil segue prevista para entrar em vigor após amanhã.
Com informações de Gazeta do Povo
