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Governo define alíquota cheia para kits de veículos em 2027 e libera cota de US$ 463 mi à BYD

Brasília — 30.jul.2025 — O Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu nesta quarta-feira (30) antecipar para janeiro de 2027 a aplicação integral de 35% de Imposto de Importação sobre kits de montagem de veículos. Ao mesmo tempo, o órgão concedeu à chinesa BYD uma cota de importação de US$ 463 milhões (R$ 2,58 bilhões) com tarifa zero pelo período de seis meses, enquanto a montadora conclui a implantação de sua fábrica em Camaçari (BA).

Pedido da BYD

A BYD havia solicitado redução temporária das alíquotas para carros semidesmontados: de 18% para 5% nos modelos elétricos e de 20% para 10% nos híbridos, por um ano. A companhia, que investe R$ 5,5 bilhões na antiga planta da Ford, alegou que a medida permitiria nacionalizar componentes gradualmente e oferecer veículos “tecnológicos, sustentáveis e mais acessíveis”. Em carta divulgada nesta semana, a fabricante afirmou que o consumidor brasileiro “foi obrigado a pagar caro por tecnologia velha e design preguiçoso”. O vice-presidente da empresa no país, Alexandre Baldy, classificou a reação das concorrentes como “chantagem com o governo”.

Reação das montadoras

Volkswagen, Toyota, Stellantis e General Motors, apoiadas pela Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), advertiram que benefícios à BYD poderiam colocar em risco R$ 60 bilhões em investimentos previstos até 2030 e eliminar até 50 mil empregos formais. As empresas temem que o Brasil se torne uma “maquila”, com funções limitadas a apertar parafusos e baixo conteúdo tecnológico.

A Anfavea considerou a redução solicitada uma “ameaça direta ao equilíbrio do setor”, citando risco de “invasão disfarçada” de carros chineses motivada por guerra de preços no Sudeste Asiático. Governadores de Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e São Paulo também pediram o adiamento da votação, alegando possível desestruturação da cadeia automotiva.

Avanço dos chineses

No primeiro semestre de 2025, as importações de veículos oriundos da China quase igualaram o total de 2024, elevando a participação dessas marcas a 5,4% dos emplacamentos nacionais. Nos eletrificados, BYD e Great Wall Motors (GWM) respondem por mais de 80% das vendas de elétricos e 45% das de híbridos, pressionando montadoras tradicionais como Jeep, Volkswagen, Chevrolet, Toyota e Hyundai.

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Imagem: Gazeta do Povo via gazetadopovo.com.br

Repercussão da decisão

Após a reunião, a Anfavea declarou que o prazo de seis meses para uso da cota sem imposto representa o “máximo aceitável” sem comprometer investimentos e manifestou expectativa de que o tema esteja “definitivamente encerrado”, sem prorrogações. A entidade agradeceu ao governo federal pela “responsabilidade e previsibilidade” ao fixar a alíquota cheia de 35% para 2027.

Com a medida, o governo tenta equilibrar o incentivo à entrada da BYD no país, considerada estratégica para a eletrificação da frota, com a preservação dos projetos das montadoras já instaladas e da cadeia nacional de autopeças.

Com informações de Gazeta do Povo

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