A cientista política Júlia Lucy afirmou, nesta terça-feira (29), que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) “agiu certo” ao viajar para a Itália e se entregar às autoridades locais. A parlamentar teve ordem de prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, em 7 de junho, com execução imediata de pena de dez anos de reclusão em regime fechado.
Segundo a comentadora, a atuação de Zambelli foi motivada pela falta de confiança na aplicação das leis no Brasil. Lucy citou o ex-assessor presidencial Filipe Martins, que, de acordo com ela, “foi submetido a tortura”, e lembrou a morte de Cleriston Pereira da Cunha, o “Clesão”, detido por suposta participação nos atos de 8 de Janeiro. “Há um risco de morte real”, observou.
Detentora de dupla cidadania, Zambelli recorreu ao território italiano. A extradição dependerá de avaliação das autoridades do país europeu, que podem negar o pedido se concluírem que a acusação possui natureza política. O entendimento fundamenta-se em acordo bilateral entre Brasil e Itália.
Para a advogada Anne Dias, a defesa da deputada precisará demonstrar ausência de oportunidade de ampla defesa e contraditório no Brasil para reforçar o argumento de prisão política. A possível cassação do mandato, no entanto, é competência exclusiva da Câmara dos Deputados, ressaltou Lucy.
Impacto da sobretaxa de 50% dos EUA
O programa também discutiu a tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros que entrará em vigor nos Estados Unidos por determinação do presidente Donald Trump. Importadores americanos já suspenderam contratos, levando indústrias nacionais a interromper atividades, conceder férias coletivas e demitir funcionários.
O economista José Pio Martins estimou que as exportações brasileiras para o mercado norte-americano representam cerca de 2% do PIB, porcentual insuficiente para provocar recessão generalizada. Entretanto, ele apontou riscos significativos para os setores de frutas e madeira — produtos perecíveis e de grande participação do Brasil no comércio com os EUA.

Imagem: Lula Marques via gazetadopovo.com.br
Além dos fatores econômicos, Martins atribuiu à medida motivações geopolíticas, citando críticas do presidente Lula a Trump, a defesa do abandono do dólar em negociações internacionais e a aproximação com os países do BRICS. Segundo o economista, declarações de autoridades como Celso Amorim, Fernando Haddad e Geraldo Alckmin complicaram a busca por uma solução diplomática.
O debate ocorreu no Última Análise, programa transmitido ao vivo no YouTube pela Gazeta do Povo, de segunda a sexta-feira, das 19h às 20h30, dedicado a discutir temas de relevância nacional.
Com informações de Gazeta do Povo