A Eve Air Mobility, subsidiária da Embraer dedicada à produção de aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOL), estuda abrir uma fábrica nos Estados Unidos caso avance a proposta de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump.
Em entrevista ao InfoMoney, o presidente-executivo da companhia, Johann Bordais, explicou que o projeto logístico já prevê a possibilidade de montar os veículos no país de destino. “Como 70% da nossa carteira é americana, temos flexibilidade para pensar em uma unidade nos EUA”, afirmou.
Capacidade inicial no Brasil
Atualmente, a Eve ergue uma planta modular em Taubaté (SP) com capacidade para produzir 120 aeronaves por ano, podendo chegar a 480 unidades. Ultrapassado esse patamar, uma nova instalação será necessária, o que abre espaço para a expansão fora do Brasil.
Calendário de testes e entregas
O primeiro protótipo de engenharia está em Gavião Peixoto (SP) e deve iniciar voos de teste até o fim de 2024. A partir de 2025, a empresa construirá seis protótipos de certificação em São José dos Campos (SP). Segundo Bordais, o processo de certificação, conduzido inicialmente pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), deve durar entre 15 e 18 meses.
A previsão é começar a vender os eVTOLs em 2027 e entregar as primeiras unidades ao longo de 2028, inclusive aos clientes norte-americanos, graças ao acordo bilateral entre Anac e a Federal Aviation Administration (FAA).
Carteira de pedidos e modelo de negócios
A Eve contabiliza 2.800 cartas de intenção de compra, o equivalente a US$ 14 bilhões a preços de tabela. O foco é fornecer as aeronaves a operadores de táxi aéreo urbano, que poderão utilizar parte da infraestrutura existente de helipontos para recarga e embarque de passageiros.

Imagem: infomoney.com.br
A companhia projeta autonomia de 100 km para cada eVTOL, suficiente para rotas urbanas — cenário que poderá se expandir para trechos intermunicipais à medida que a tecnologia de baterias evoluir.
Sem descartar um impacto temporário da guerra comercial, Bordais reiterou que a Eve conta com suporte da Embraer em engenharia, industrialização, finanças e relações governamentais para mitigar eventuais barreiras.
Com informações de InfoMoney