O golpe de clonagem de WhatsApp, enquadrado em técnicas de engenharia social, figura entre as fraudes digitais mais recorrentes no Brasil. Especialistas alertam que os criminosos conseguem assumir o controle da conta para solicitar transferências via Pix, obter dados sensíveis e até espionar conversas.
Como a clonagem acontece
Rubens Alexandre de Faria, pós-doutor em ciências forenses pela Syracuse University (EUA) e professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), explica que a clonagem funciona como um “espelho”: enquanto a vítima utiliza o aplicativo, outra pessoa acessa a mesma conta de forma simultânea sem ser percebida.
Filipe Augusto da Luz Lemos, pós-doutorando em Engenharia de Defesa pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e professor visitante da Syracuse University, destaca que a prática mais comum envolve o WhatsApp Web conectado em computadores de terceiros. Há, porém, métodos mais sofisticados, como o roubo de credenciais por telefone. “Quando alguém se passa por empresas como OLX ou Mercado Livre e pede o código de verificação, quem informa esse número perde acesso imediatamente”, afirma.
Sinais de que a conta foi clonada
• Perda total de acesso ao aplicativo.
• Mensagens suspeitas enviadas a contatos pedindo dinheiro, geralmente via Pix. Segundo Lemos, 99 % dos casos têm motivação financeira.
• Dispositivos desconhecidos listados em “Aparelhos conectados” no WhatsApp Web.
Os especialistas lembram que a vítima nem sempre percebe a invasão. A orientação é conferir regularmente a lista de sessões ativas e desconectar acessos estranhos.
O que fazer se o WhatsApp foi clonado
1. Reinstalar o aplicativo e fazer login com o número original, solicitando o código de verificação. Caso a vítima ainda tenha acesso, essa ação encerra sessões não autorizadas.
2. Contatar a operadora se o criminoso já assumiu o controle completo. A empresa pode restaurar a titularidade do número, procedimento que pode levar alguns dias.
3. Registrar boletim de ocorrência na Polícia Civil e comunicar o Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber). “Mesmo sem prejuízo imediato, a formalização é essencial para gerar dados e políticas públicas”, ressalta Lemos.
Imagem: Christian Wiediger Unsplash via gazetadopovo.com.br
4. Notificar o WhatsApp por meio dos canais de suporte. A plataforma dispõe de equipes de segurança dedicadas a análises preventivas.
Como reduzir o risco de clonagem
• Nunca compartilhar códigos recebidos por SMS.
• Desconfiar de mensagens inesperadas, mesmo que pareçam enviadas por conhecidos.
• Evitar instalar aplicativos fora das lojas oficiais.
• Verificar periodicamente os acessos ativos no WhatsApp Web.
• Criar palavras-chave internas entre familiares para confirmar solicitações de ajuda.
De Faria frisa que o golpe se baseia na manipulação emocional. “O criminoso não força; ele induz a vítima a agir”, diz. Para o professor da UTFPR, manter “higiene digital” é fundamental: atenção constante, mas sem paranoia.
Capacitação sobre fraudes digitais
Usuários interessados em se aprofundar no tema podem participar do curso “Na Mira dos Golpes”, ministrado pelo delegado Emmanoel David, iniciativa da Gazeta do Povo.
Publicada em 29 de julho de 2025, às 9h02.
Com informações de Gazeta do Povo
