São Paulo – O jornal norte-americano The Wall Street Journal publicou no domingo (27) um editorial afirmando que Filipe Martins, ex-assessor especial para Assuntos Internacionais do ex-presidente Jair Bolsonaro, deveria estar solto. Martins cumpre prisão domiciliar em Ponta Grossa (PR) desde março de 2024, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
No texto, divulgado poucos minutos após artigo da colunista Mary Anastasia O’Grady, o WSJ questiona a investigação do STF e sustenta que registros de imigração usados contra o ex-assessor seriam falsos. Segundo o jornal, dados do Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos (CBP) indicariam, de forma incorreta, uma entrada de Martins em Orlando em 30 de dezembro de 2022.
O STF vê o ex-assessor como integrante do grupo próximo a Bolsonaro que teria deixado o Brasil após a derrota eleitoral de 2022. Martins nega ter viajado aos Estados Unidos nessa data. De acordo com o WSJ, a corte utiliza os supostos registros de viagem para justificar a restrição de liberdade, alegando risco de fuga.
O jornal também critica a falta de posicionamento da secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem, e do secretário de Estado, Marco Rubio, sobre a possível falsificação. Para o editorial, a manipulação de dados de imigração representa uma questão de segurança nacional norte-americana.
Em outro trecho, o WSJ relembra a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada em 9 de julho pelo ex-presidente Donald Trump, prevista para entrar em vigor em 1.º de agosto. O jornal afirma que a principal motivação da medida seria o processo no STF envolvendo Bolsonaro e seus aliados, mas avalia que a ameaça tarifária não sensibilizou nem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nem a corte.

Imagem: Arthur Max via gazetadopovo.com.br
O editorial sugere que Trump lidere, dentro dos Estados Unidos, uma investigação sobre como os registros de viagem atribuídos a Martins foram publicados, removidos e recolocados no site do CBP. Para o jornal, uma apuração transparente poderia isentar o ex-assessor da acusação de fuga ilegal.
Em decisão que autorizou a prisão preventiva, Alexandre de Moraes argumentou que Martins tinha “posição de proeminência nas tratativas jurídicas” e intermediava a redação de documentos favoráveis ao núcleo mais radical ligado a Bolsonaro. O primeiro registro falso de entrada nos EUA, relata O’Grady, serviu de base para mantê-lo seis meses em prisão preventiva antes da conversão para o regime domiciliar. Investigadores brasileiros não localizaram registros de saída dos Estados Unidos em nome de Martins.
Com informações de Gazeta do Povo