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Brasil busca negociação com EUA “sem contaminação política ou ideológica”, afirma governo

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços divulgou na noite de domingo (27) nota oficial na qual o governo federal reforça que “a soberania do Brasil e o estado democrático de direito são inegociáveis” e que pretende tratar a crise comercial com os Estados Unidos “sem qualquer contaminação política ou ideológica”. A manifestação ocorre após o presidente norte-americano Donald Trump anunciar, em 9 de julho, tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.

No texto, o Executivo brasileiro afirma manter “abertura permanente ao debate das questões comerciais” e declara esperar “preservar e fortalecer” a parceria econômica com Washington, descrita como “robusta e de alto nível” há mais de dois séculos.

Escalada de tensões

A crise diplomática começou a ganhar força em 6 de julho, quando Trump ameaçou impor tarifas a qualquer país que apoiasse políticas consideradas antiamericanas pelo Brics, bloco formado por Brasil, China, Rússia, Índia e outros aliados.

No dia seguinte (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva repudiou a ameaça, classificando-a como interferência em assuntos internos. “Não aceitamos reclamações contra a reunião do Brics”, declarou. Na mesma data, Trump saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusando o governo brasileiro de perseguição; Lula preferiu não comentar.

A retórica subiu de tom em 9 de julho, quando o líder dos EUA publicou em sua rede Truth Social carta endereçada a Lula. No texto, chamou o tratamento dado a Bolsonaro de “caça às bruxas” e acusou o Supremo Tribunal Federal (STF) de censura por meio de decisões sigilosas contra plataformas digitais americanas. Como represália, anunciou o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros.

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Imagem: Marcelo Camargo via gazetadopovo.com.br

O clima ficou ainda mais tenso em 17 de julho, após nova carta de Trump — desta vez enviada a Bolsonaro — criticando o sistema de Justiça do Brasil e exigindo o fim do julgamento do ex-presidente. No dia 18, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, impôs medidas cautelares a Bolsonaro, entre elas uso de tornozeleira eletrônica, proibição de entrevistas, visitas a embaixadas e contato com o filho Eduardo Bolsonaro.

Poucas horas depois, Washington cancelou os vistos de oito ministros do STF, do procurador-geral Paulo Gonet e de familiares. Desde então, Brasília tenta retomar o diálogo para evitar que a disputa comercial evolua para um impasse político maior.

Com informações de Gazeta do Povo

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