Brasília, 27 de julho de 2025 – Coluna publicada neste domingo (27) pelo Wall Street Journal afirma que um registro eletrônico falso no sistema do Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos (CBP) sustentou a prisão do ex-assessor presidencial brasileiro Filipe Martins por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O texto, assinado pela jornalista Mary Anastasia O’Grady, aponta que o documento fraudulento do tipo I-94 foi inserido duas vezes no banco de dados do CBP em Orlando, Flórida: primeiro em março de 2024 e, novamente, neste mês de julho de 2025. A suposta entrada de Martins em território norte-americano constaria como ocorrida em 30 de dezembro de 2022, data em que, segundo registros de celular, faturas de cartão de crédito e o manifesto de um voo doméstico, ele se encontrava no Brasil.
Erro repetido e dados inconsistentes
Ambas as inserções contêm as mesmas falhas: o nome grafado como “Felipe” e um número de passaporte declarado perdido em 2021. Depois de questionamentos da defesa, o documento foi removido em junho de 2024, após intervenção do Departamento de Segurança Interna (DHS). Entretanto, o arquivo reapareceu em julho de 2025 com as mesmas inconsistências.
Base para prisão e prisão domiciliar
O registro serviu de justificativa para que Moraes mantivesse Filipe Martins seis meses na cadeia e, posteriormente, em prisão domiciliar. O ministro continua citando o documento, visível na área de histórico de viagens do site do CBP, apesar de essa seção ter caráter meramente informativo e sem valor jurídico, observa O’Grady.
Recusa em fornecer logs completos
Advogados de Martins movem ações contra o DHS e o CBP para acessar os registros originais que revelariam quem criou o I-94 falso e quando. Segundo o Wall Street Journal, os logs entregues pelas autoridades norte-americanas vieram com trechos suprimidos, incluindo o nome do responsável e a data da alteração, sob alegação de “litígio pendente”.

Imagem: Gazeta do Povo via gazetadopovo.com.br
Pressão sobre testemunhas
A colunista menciona ainda que, diante de poucas provas de uma suposta tentativa de golpe de Estado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Moraes apoia seu inquérito em delações premiadas. Ela cita um áudio vazado em março no qual o tenente-coronel Mauro Cid, apontado como principal delator, reclama de coação. Em audiência recente no STF, Martins declarou que foi submetido a condições desumanas para que também fizesse acordo de colaboração.
O’Grady questiona por que o CBP não revela quem inseriu o documento, sugerindo que o caso envolve interesses políticos brasileiros contrários ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Para a articulista, a investigação sobre a autoria da fraude é de interesse da segurança nacional dos Estados Unidos.
Com informações de Gazeta do Povo