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Peritos em forense digital apontam causas técnicas para lacunas no vídeo de vigilância de Jeffrey Epstein

Dois ex-analistas forenses do FBI, Stacy Eldridge e Becky Passmore, concluíram que as falhas apontadas no vídeo de vigilância da cela onde Jeffrey Epstein foi encontrado morto, em 2019, são resultado de procedimentos técnicos rotineiros, e não necessariamente de adulteração deliberada. A dupla decidiu revisar o material depois de considerar insuficientes os detalhes técnicos divulgados pela imprensa.

Arquivo divulgado é “produto de trabalho”, não gravação bruta

Segundo as especialistas, o vídeo liberado pelo FBI não corresponde aos arquivos originais captados pelas câmeras do presídio de Manhattan, mas sim a um “produto de trabalho” — versão editada para facilitar visualização e compartilhamento. Sem acesso direto aos arquivos brutos, afirmam, não é possível atestar com absoluta certeza o que ocorreu durante todos os instantes gravados.

O que a perícia encontrou nos metadados

Análise de metadados indicou que o material foi processado no software Adobe Premiere Pro. Um arquivo de projeto identificado como mcc_4.prproj mostra que duas fontes de vídeo foram usadas na edição, e um trecho do nome de usuário Mjcole~1 revela quem manipulou o conteúdo.

Três origens para as discrepâncias de tempo

Eldridge e Passmore classificaram as diferenças de tempo em três categorias distintas:

  1. Reinicialização do sistema: manutenção programada no circuito interno de TV entre 23h58min58s de 9/8/2019 e 0h00min00s de 10/8/2019 gerou um intervalo real de 62 segundos sem gravação.
  2. Corte no início do arquivo: cerca de três minutos parecem ter sido removidos do começo do vídeo. As especialistas avaliam que se trata de um ajuste comum para focar o período considerado relevante, mas admitem que a conclusão depende da checagem dos arquivos originais.
  3. Quadros descartados: aproximadamente 12 000 quadros — 0,97% de um total superior a 1,2 milhão — foram eliminados durante a compressão, o que equivale a 6 minutos e 34 segundos “perdidos” de forma distribuída. Esse descarte de quadros é prática usual quando o sistema encontra limitações de processamento.

Impacto da confusão sobre “vídeo bruto”

Relatórios iniciais, como o da revista WIRED, citaram quase três minutos de gravação supostamente ausentes, alimentando especulações de encobrimento. Para as peritas, a apresentação do material editado como se fosse conteúdo bruto contribuiu para interpretações equivocadas.

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Imagem: forbes.com

Eldridge e Passmore destacam que, até que o FBI forneça os arquivos originais, não é possível eliminar completamente a hipótese de interferência. Ainda assim, todos os indícios verificados apontam para falhas técnicas normais em sistemas de videomonitoramento e ao processo de edição para divulgação pública.

Com informações de Forbes

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