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Metade dos investidores recorre ao ChatGPT para analisar aplicações, mas decisão final ainda depende de especialista humano

Uma nova etapa na relação dos brasileiros com o mercado financeiro ganhou força: a inteligência artificial generativa. O Retail Investor Survey 2025, elaborado pela Betterment, mostra que 53% dos investidores usam ferramentas como o ChatGPT ao menos uma vez por mês para pesquisar ativos. Porém, apenas 30% dizem confiar exclusivamente na tecnologia para fechar negócios, e 65% preferem manter um profissional humano como responsável pela decisão final.

O movimento amplia a transformação iniciada na virada digital das últimas décadas. Primeiro, investidores trocaram o gerente do banco pela tela do home broker; depois, passaram a consumir conteúdo de influenciadores financeiros. Agora, a IA surge como terceira voz, assumindo o papel de “rascunho” das carteiras.

Assessor ainda é o árbitro

No Brasil, a consulta mais frequente ao ChatGPT envolvendo assessores de investimentos é “meu assessor está certo?”, indicativo de que os usuários veem a plataforma como fonte isenta para validar recomendações humanas.

A demanda por orientação qualificada acompanha o avanço de agentes autônomos. A XP, por exemplo, já soma mais de 18 mil profissionais credenciados e R$ 1,3 trilhão em ativos sob custódia até o primeiro trimestre de 2025, consolidando-se como contraponto às promessas dos bancos tradicionais.

Gerações e regulação

O percentual de jovens dispostos a entregar toda a carteira a robôs impressiona: 41% de millennials e integrantes da Geração Z aceitariam esse modelo, quase o triplo do observado entre baby boomers. A tendência pressiona autoridades. A União Europeia classificou robo-advisors e sistemas de pontuação algorítmica como “alto risco” no AI Act, em vigor desde 1º de agosto de 2024, com multas de até 7% do faturamento global. No Brasil, o PL 2338/2023, aprovado no Senado em 10 de dezembro de 2024, prevê regra semelhante e aguarda análise na Câmara.

Órgãos de mercado também avançam. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu audiência pública para exigir que influenciadores revelem vínculos pagos com instituições financeiras. Já a Organização Internacional das Comissões de Valores (IOSCO) divulgou, em maio de 2025, boas práticas que incluem disclaimers padronizados e monitoramento contínuo de conflitos de interesse.

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Imagem: infomoney.com.br

Riscos de deepfake e reação das plataformas

Se, de um lado, a IA facilita leituras de relatórios e comparação de produtos, de outro alimenta golpes sofisticados. Ataques envolvendo deepfakes cresceram 1.740% entre 2022 e 2023 e provocaram perdas superiores a US$ 200 milhões apenas no primeiro trimestre de 2025. Para conter o problema, o YouTube atualizou suas regras de monetização em 15 de julho de 2025 para punir conteúdo financeiro inautêntico gerado por IA, enquanto o TikTok passou a exigir, desde 1º de julho, que vídeos patrocinados do setor sejam rotulados e arquivados em biblioteca pública.

No centro de todas as mudanças permanece o mesmo desafio histórico: confiança. Bancos buscam mantê-la pela tradição, influenciadores se apoiam na linguagem acessível e a IA tenta conquistá-la com transparência algorítmica. Quem conseguir alinhar velocidade tecnológica, clareza de comunicação e responsabilidade fiduciária tende a liderar a próxima etapa da jornada do investidor.

Com informações de InfoMoney

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