A LVMH registrou queda de 4% na receita global do primeiro semestre de 2025, para US$ 46,7 bilhões (39,8 bilhões de euros), em comparação com o mesmo período do ano anterior. O lucro líquido encolheu 22%, totalizando US$ 6,9 bilhões, segundo balanço divulgado pela companhia.
O desempenho mais preocupante veio da divisão de moda e artigos de couro – responsável por quase metade do faturamento do grupo em 2024. Depois de recuar 4% no primeiro trimestre, esse segmento despencou 12% entre abril e junho, encerrando o semestre com retração de 8%, a US$ 22,4 bilhões.
Declínio acelerado
A desaceleração intensificou-se ao longo do semestre: a queda de receita passou de 2% nos três primeiros meses do ano para 7% no segundo trimestre encerrado em 30 de junho. Analistas já previam um arrefecimento do setor de luxo em 2025, mas a velocidade da retração acendeu alerta sobre o fôlego do líder mundial do segmento.
Pronunciamento de Arnault
Em nota, o presidente e diretor-geral Bernard Arnault afirmou que o grupo permanece “sólido” diante de “disrupções geopolíticas e econômicas” e destacou a visão de longo prazo da empresa familiar. “Entramos no segundo semestre com grande vigilância”, declarou.
Previsões cautelosas
Sem fornecer projeções para o restante do ano, a LVMH citou o ambiente de mercado incerto. A consultoria Bain & Company, em parceria com a Altagamma, prevê retração de até 5% no mercado global de luxo em 2025 – estimativa que pode se mostrar otimista frente à performance da companhia francesa.
Desempenho por segmento
Além de moda e couro, outras áreas também sentiram o enfraquecimento da demanda:
- Varejo seletivo (Sephora e Le Bon Marché): estável em US$ 10,1 bilhões;
- Relógios e joias (Tiffany, Bulgari, TAG Heuer): queda de 1%, para US$ 6 bilhões;
- Perfumes e cosméticos: recuo de 1%, para US$ 4,8 bilhões;
- Vinhos e destilados: baixa de 8%, para US$ 3 bilhões, com 35% da receita dependente dos Estados Unidos.
Marcas em evidência
Duas grifes estratégicas ganharam novos diretores criativos: Jonathan Anderson apresentou a primeira coleção masculina da Christian Dior, enquanto Jack McCollough e Lazaro Hernandez assumem a Loewe, com estreia prevista para o próximo Paris Fashion Week.
Em sentido oposto, a Loro Piana enfrenta acusações de abusos trabalhistas em sua cadeia produtiva, tornando-se a quinta marca de luxo – e a segunda da LVMH após a Dior em 2024 – a sofrer desgaste de reputação recente.

Imagem: VCG/VCG via forbes.com
Louis Vuitton sob pressão
Embora a LVMH não detalhe números por marca, analistas da TD Cowen apontam desaceleração também na Louis Vuitton, que responde por cerca de metade da receita de moda e couro. O relatório indica concorrência crescente de marcas de “quiet luxury” em faixas de preço entre US$ 700 e US$ 2.000, enquanto os modelos de entrada da Vuitton já superam US$ 2.000.
Medidas em curso
Para mitigar impactos, Arnault articula com autoridades europeias alternativas a eventuais tarifas de 30% sobre importações da União Europeia para os EUA, previstas para 1º de agosto. O mercado norte-americano representou 25% do faturamento do semestre. A empresa planeja abrir sua segunda fábrica no Texas até 2027, somando-se à unidade inaugurada em 2019 no mesmo estado e a dois polos produtivos na Califórnia.
O Wall Street Journal informou que a LVMH avalia vender a marca Marc Jacobs por cerca de US$ 1 bilhão; Authentic Brands Group, WHP Global e Bluestar Alliance estariam entre os interessados.
Perspectivas dos investidores
Em abril, a TD Cowen rebaixou a recomendação das ações da LVMH de “compra” para “manutenção”, citando fraqueza generalizada no portfólio e ausência de visibilidade para uma retomada no curto prazo. A consultoria acredita que sinais mais claros só virão após o segundo semestre, sugerindo que o retorno ao crescimento consistente pode ficar para 2026 ou além.
Com informações de Forbes